segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Portales internacionales de comunicación y educación

Entre las múltiples informaciones que van apareciendo cada día en el website sobre edu-comunicación, hay dos portales, uno italiano y otro argentino, que quisiera destacar de forma especial. En ellos encuentran múltiples recursos y muchas posibilidades para poner en práctica, además de experiencias muy significativas de las realidades italiana y argentina.
Programa Prensa-Medios de Argentina
MED Media-Education en Italia
Un portal educativo con múltiples recursos: Quaderns Digitals

El portal educativo Quaderns Digitals ofrece múltiples recursos educativos, además de una revista digital, donde cualquier interesado en comunicación y educación se podrá suministrar de recursos electrónicos para el estudio y el trabajo diario. A l amanera de la biblioteca de Alejandría, Quaderns es un proyecto de documentación de amplia proyección. En este mismo portal, se puede encontrar números on-line de la revista de comunicación y educación «Comunicar», entre otras publicaciones de inteés en su Biblioteca electrónica.

domingo, fevereiro 20, 2005

Ler em voz alta para os filhos

Do editorial de hoje de José Manuel Fernandes, no Público:
"Marçal Grilo contou-nos que encontrou recentemente a ministra da Educação da Finlândia e lhe pediu para explicar o segredo [de com um investimento na educação não muito diferente do de Portugal, aquele país ter um dos melhores resultados do mundo]. Ela falou primeiro do dinheiro que investiam, de como procuravam que as escolas estivessem bem organizadas e da gratuitidade do acesso, mas o nosso antigo ministro não ficou satisfeito: muitos dos pontos que referia não eram assim tão diferentes do que já fazemos ou procuramos fazer. Por fim a ministra finlandesa disse-lhe que havia ainda outro factor muito importante: a Finlândia era o país do Mundo com maior índice de leitura colectiva. À noite, em lugar de se sentarem em frente da televisão, os pais lêem livros alto aos seus filhos. Para Marçal Grilo estava aí a chave do segredo finlandês".

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Crianças, media e imitação

Para um ponto de situação sobre as pesquisas em torno do problema da imitação a partir de conteúdos mediáticos, ler Research of Media Imitation, de Raymond Lee, 2003.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Ainda a legibilidade da escrita

A escola tem um papel enorme a incentivar, a explicar, a analisar a imprensa escrita

José Carlos Abrantes, provedor do leitor do DN, 14.2.2005

"Aminha experiência de 22 escolas do 3.º ciclo e secundário, em dez anos de ensino, com apenas seis anos de tempo de serviço, sempre em substituições, porque sou professora provisória, apesar de profissionalizada, diz-me que os jornais não escrevem para todos. Este ano lectivo, estou a trabalhar com alunos de cursos profissionais. (...) O espanto foi sem fim! Primeiro estes alunos de 15 e 16 anos não compram jornais e se algum disse que lia eram os jornais de desporto, já era para mim uma alegria. Segundo: o que se verificou foi que não compreendiam o que liam e não eram capazes de explicar cabalmente os artigos, as crónicas ou as notícias em análise. (...) Os jornais deviam falar da nossa cultura, dos nossos méritos, das nossas inteligências, do nosso Portugal! Deviam atrair os jovens à leitura. Escrevem para todos? Redondamente não! Porque, se escrevessem para todos, os alunos do 8.º e 9.º ano saberiam ler e entender o que lá vem escrito."

O longo e-mail desta professora, A. L., é um questionamento directo à crónica anterior e levanta alguns problemas interessantes. Um deles já foi analisado pelo menos em duas outras ocasiões (O jornalis- mo como fonte de esperança, em 29-11-04, e O mundo, melhor que as notícias, 24-01-05). A leitora considera que se os jovens não lêem jornais é porque a escrita destes não é para todos. Ora, e sem rejeitar que pode haver responsabilidade dos jornalistas nas escolhas narrativas, nos temas escolhidos, nas opções editoriais de fundo, não se pode equacionar este problema como uma simples relação de causa-efeito. Os escritores invocados, "Garrett, Camilo, Gaspar Simões", e que "escreviam para todos", também não são lidos por todos os jovens e adultos, pese embora a qualidade da escrita. A escola tem um papel enorme a incentivar, a explicar, a analisar a imprensa escrita, mas só assume esse papel em iniciativas individuais de professores ou em disciplinas específicas para alguns, quando esta formação deveria ser... para todos. As políticas de educação têm ignorado sistematicamente esta dimensão, vital para pôr os alunos a ler jornais e a ter o prazer de os ler. Prazer que se adquire, se ensina, se explica. Nos lugares próprios, como é a escola. Também é verdade que uma imensa demagogia tem feito crer que a leitura dos media afasta da leitura dos clássicos, da "boa" literatura. Outra falha, salvo dignas excepções, é da própria imprensa que não soube ainda criar programas de incentivo de leitura dos jornais, estabelecendo condições para os fazer "viver" nos ambientes da juventude. A cada momento se pasma com a inacção sobre assuntos e iniciativas que poderiam, a médio e longo prazo, melhorar a relação dos cidadãos com a imprensa e os media. É mais simples dizer temos um índice de leitura muito baixo. Cruzemos os braços, pois. O mundo de hoje não funciona assim. Funciona com ousadia, iniciativa, atenção, planeamento, formação, abertura a novas ideias, a novos públicos. E quem assim funciona cresce, quem fica parado definha. Sejam pessoas, instituições, empresas ou nações.
A leitora levanta a questão da clareza da escrita. Volto ao assunto, pois tive acesso a um texto relevante sobre a legibilidade da imprensa, texto de origem francesa. O texto define quatro níveis na legibilidade e, sublinhe-se, vai buscar à psicologia cognitiva ensinamentos para a escrita de imprensa, sobretudo aos conhecimentos existentes nos processos cognitivos da leitura. Um bom exemplo e um reconhecimento de que, afinal, o estudo das Ciências da Educação e da Psicologia também tem os seus méritos.
1. Reconhecer. Trata-se do nível mais imediato do reconhecimento dos caracteres, da forma dos caracteres em relação ao fundo em que são inseridos, do tipo dos caracteres. Sabemos como por vezes se erra neste domínio letra muito pequena, um fundo que pode esbater a desejada nitidez do texto. Mas, segundo o texto, é um problema menor dado o profissionalismo na paginação.
2. Decifrar. É a "aquisição" do texto por quem o lê. Significa que as redacções devem estar atentas a tudo o que possa diminuir a capacidade de decifrar o texto, como foi reconhecido na crónica anterior, relativamente a frases aparecidas num suplemento especializado do DN "Em termos de múltiplos de mercado, a EADS transacciona com um P/E 2004E de 19,11x, a desconto face à sua principal concorrente a Boeing que apresenta um P/E 2004E de 21,16x."
3. Interpretar. Trata-se de perceber o que é reconhecido e decifrado. Estabelecer relações lógicas dentro do que está escrito. As palavras devem articular-se entre si, ter sentido como frases, as ideias encadear-se umas nas outras. Lê-se "Estes aspectos são difíceis de perceber pelos profissionais que, por definição, seguem a actualidade e interpretam as relações implícitas entre os factos muito mais facilmente do que a média dos seus leitores."
4. Figurar. Trata-se da vida do texto na cabeça de cada um, da sua inserção nos esquemas mentais dos leitores. Em vez de se perguntarem se os textos são compreensíveis (o que envolve uma resposta subjectiva), seria melhor que "os redactores e editores colocassem a si próprios questões mais técnicas e mais precisas a) com que representação poderão os leitores ficar da leitura deste artigo; e b) disporão eles dos esquemas necessários para construir essas representações?". Por exemplo, como pode um leitor do Porto, Aveiro ou Serpa, que mal conheça Lisboa, assimilar a terminologia das estradas que circundam a cidade? Se nem para um lisboeta é fácil...

* 'Études de Presse - Les notes du CDI - Comité National pour le Développement de l'Information', volume 1 - n.º 3 /2004.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

IMPORTANTE
O "Estado da Arte" na Educação para os Media: dois documentos do Reino Unido

A entidade reguladora dos media do Reino Unido, OFCOM, acaba de disponibilizar dois importantes documentos sobre educação para os media, da autoria de conhecidos especialistas, que fazem um ponto de situação sobre a literatura científica do campo. São eles:

Relativamente ao primeiro, deixo um conjunto de pontos que os autores consideram constituir lacunas no estado actual dos nossos conhecimentos, e que podem constituir sugestões de pesquisas para os que se dedicam a (e interessam por) estas matérias:

"The following would seem to be some of the most important gaps in the field:
1. In terms of media, the most obvious gaps here relate to radio, mobile phones and online games. In each case, there seems to have been very little basic academic research on children?s uses of, or exposure to, these media, at least in the UK.
2. Other, more specific areas of media that are in need of further research include: children?s use of interactive television; the use of video camcorders; and children?s responses to new media genres, such as reality TV.
3. In relation to population groups, younger children (aged 8 and below) have been very much neglected, particularly in research on the internet and other new media. There is also a lack of research relating to specific disabilities, and of work looking in more detail at the influence of ethnicity and religious background.
4. In relation to the internet, there has been a considerable amount of research about access, but relatively little about how children understand or use different forms of internet content. Research now needs to explore children?s responses to particular areas of content; and how they evaluate the reliability of the information they find.
5. Marketers are increasingly employing a wider range of commercial strategies across different media platforms, such as product placement, sponsorship, direct marketing, data mining, and branding. There is a need to research children?s awareness of such strategies, and their responses to them.
6. Of the three areas identified in Ofcom?s definition, ?create? is the one that is by far the most neglected by research. It is important to know much more about children?s experience of media production not just in the context of education, but also (particularly) in the context of the home and the peer group.
7. In respect of formal education, the most significant absence in our view relates to progression. Educators need a coherent model, based on research, of what and how children should be learning about media at different stages of their school career. This would require some form of longitudinal study.
8. In informal education, there is a need for a more sharp-edged critical evaluation of the kinds of claims that are typically made about the benefits and outcomes of such work for different groups of young people".

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Dificuldades do jornalismo escolar nos EUA

Na sua habitual coluna no diário Los Angeles Times, o especialista de media David Shaw comenta mais um caso recente de penalização da responsável por um jornal escolar na escola secundária de Troy, Fullerton, por publicar um artigo que os responsáveis da instituição consideraram inaceitável. Segundo dados compilados por Shaw, a redução do leque de assuntos que é possível abordar nos jornais escolares tem vindo a estreitar-se nos últimos anos.
Alguns excertos:
"Censorship of high school papers and disciplining of their editors and reporters are at an all-time high, triggered by a growing disdain for the media in general and by increased pressure on school administrators to "present the right image to the community" in response to mounting budget cuts and federal- and state-mandated educational standards, says Mark Goodman, executive director of the Student Press Law Center in Arlington, Va. (...)
Goodman says attempts to limit the kinds of stories that school newspapers can publish have increased dramatically ever since a 1988 U.S. Supreme Court ruling that high school administrators in suburban St. Louis had the right to censor stories about pregnancy and the effects of divorce on children. He says many school administrators "misread the Hazelwood decision to say that students no longer had any 1st Amendment protection. That's absolutely not what the court said."
"Indeed, the court ruling said schools had to present a reasonable educational justification for censorship. Among those justifications could be stories that were "ungrammatical, poorly written, inadequately researched, biased or prejudiced, vulgar or profane, or unsuitable for immature audiences." Stories could also be censored if they could "associate the school with anything other than neutrality on matters of political controversy or if they "might reasonably be perceived to advocate drug or alcohol use, irresponsible sex or conduct otherwise inconsistent with the 'shared values of a civilized social order.' "

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Bibliografia da Prof. Renée Hobbs

Renée Hobbs é um dos nomes de referência da Educação para os Media nos Estados Unidos da América. É profesora associada de Comunicação da Temple University, em Filadelfia, co-directora do programa de doutoramento de Mass Media e Comunicação e directora do Media Education Lab. No seu site, disponibiliza vasta bibliografia, de que se destaca:

- Hobbs, R. (2004). Analyzing advertising in the English language arts classroom: A quasi-experimental study. Studies in Media & Information Literacy Education, 4(2).
- Hobbs, R. & Frost, R. (2003). Measuring the acquisition of media-literacy skills. Reading Research Quarterly 38(3), 330 - 355.
- Hobbs, R. (2001) Integrating media literacy into the study of world literature. The Writing Instructor.
- Hobbs, R. (2001). Classroom strategies for exploring realism and authenticity in media messages. Reading Online, 4(9). International Reading Association.
- Hobbs, R. & Frost, R. (1999). Instructional practices in media literacy education and their impact on students? learning. New Jersey Journal of Communication, 6(2): 123-148.
- Hobbs, R. (1999). Deciding what to believe in an age of information abundance. Sacred Heart Review, 42: 4 ? 26.
- Hobbs, R. (1998). The seven great debates in the media literacy movement. Journal of Communication, 48 (2): 9-29.
- Hobbs, R. (2003). Lo que docentes y estudiantes deben saber sobre los medios. In R. Morduchowicz (Ed.) Comunicacion, medios y educacion: un debate para la educacion en democracia. Octaedro: Barcelona, Spain (pp. 119 ? 124).
- Hobbs, R. (1998). Building citizenship skills through media literacy education. In M. Salvador & P. Sias (Eds.), The public voice in a democracy at risk. Westport, CT: Praeger (pp. 57 ?76).
- Hobbs, R. (1998). Media literacy in Massachusetts. In A. Hart (Ed.), Teaching the media: International perspectives. Mahwah, N.J: Erlbaum Associates (pp. 127 ? 144).
- Hobbs, R. (1996). Teaching media literacy. In E. Dennis and E. Pease (Eds.), Children and the media. New Brunswick: Transaction Press (pp. 103-111).
- Hobbs, R. (2002). Girls and Young Women's Understanding of Dietary Supplement Advertising: Assessing Critical Analysis Skills. A report to the Office on Women's Health, Department of Health and Human Services. February 28, 2003.
- Hobbs, R. (2001). Media literacy: Interpreting tragedy. Social Education 65(7):406-411. Available online: http://www.socialstudies.org/resources/moments/650702.shtml
- Hobbs, R. (2001). Improving reading comprehension by using media literacy activities. Voices from the Middle (National Council of Teachers of English), 8(4): 44 - 50.
Kubey, R. & Hobbs, R. (2001). Setting research directions for media literacy and health education. New Brunswick, NJ: Rutgers University, School of Communication, Library and Information Sciences.
- Hobbs, R. (2001). The great media literacy debates in 2001. Community Media Review 21: 17-23.
- Hobbs, R. (1999). Teaching the humanities in a media age. Educational Leadership, February: 56-62.
- Hobbs, R. (1998). The Simpsons meet Mark Twain: Analyzing popular media texts in the classroom. English Journal, January: 49-53.
- Hobbs, R. (1998). Start early to help children combat alcohol-saturated TV. AAP News 14(3): 20-21. (American Academy of Pediatrics).
- Hobbs, R. (1994). Teaching media literacy-- Yo! Are you hip to this? Media Studies Journal, 8 (4): 135 ? 145.
- Hobbs, R. & Folkemer, P. (1994). A new lens on Channel One. Education Week XIII, 18 (January 26): 37.

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Bolsa de investigação sobre os media

Está aberto até ao próximo dia 7 concurso público para uma bolsa de investigação FCT, na área de Ciências da Comunicação pelo período de 6 meses, eventualmente renovável. A bolsa destina-se a permitir a realização de trabalhos de investigação no âmbito do Projecto "MEDIASCÓPIO- Estudo da Reconfiguração do Campo da Comunicação e dos Media em Portugal", financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no âmbito do Programa Operacional Ciência Tecnologia e Inovação (POCTI/COM/41888/2001). O local de trabalho é o Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, em Braga.
Os candidatos deverão possuir licenciatura em Comunicação Social, com média final igual ou superior a catorze valores; bons conhecimentos de informática na óptica do utilizador; razoável domínio da língua inglesa (cópia do Edital e outras informações através do tel. 253604280 ou por mail).

terça-feira, fevereiro 01, 2005

CRIANÇAS E TELEVISÃO:PUBLICIDADE POUCO SAUDÁVEL

O número de Fevereiro (n.º 255, capa e pp. 8 a 12) da revista "Pro Teste" traz o seu dossier central com os resultados de um estudo feito sobre a publicidade na televisão. A análise feita aos anúncios televisivos durante uma semana levaram à conclusão de que "nalguns dias, a SIC e a TVI abusam do tempo máximo por hora de emissão".
Eis uma apresentação do dossier (é possível o acesso online à revista, mas apenas a sócios da DECO):
"Aquilo que as crianças menos devem consumir é o que mais passa nos anúncios.
Para verificar se a lei da televisão é cumprida e avaliar os anúncios sobre alimentação durante a programação infantil, entre 20 e 26 de Setembro último, a DECO/PRO TESTE visionou a emissão dos três canais nacionais de maior audiência (RTP1, SIC e TVI). Em termos de resultados globais, nenhum dos canais excedeu o tempo máximo permitido para emitir publicidade por dia. Já ao nível do tempo de publicidade por hora a DECO/PRO TESTE registou várias situações em que o máximo (12 minutos) foi ultrapassado. Na SIC, a lei foi violada 39 vezes. Em seis casos, o tempo máximo foi ultrapassado em mais de um minuto. ?No caso mais grave, a publicidade ocupou mais de 16 minutos e meio numa hora?, denuncia a edição de Fevereiro da PRO TESTE.
Na TVI, apesar de se terem detectado 34 períodos de uma hora em que foram excedidos os 12 minutos permitidos, apenas uma vez o excesso foi mais significativo. Dessa vez, o tempo de publicidade foi superior a 15 minutos e meio. Embora emita mais tempo de publicidade globalmente, a TVI apresenta uma atenta repartição da mesma.
No período analisado, a RTP1 atingiu quase 8 minutos de publicidade no máximo, não violando a lei. Entre o seu tempo diário de emissão, a RTP1 foi o canal que emitiu menos publicidade (9%).
O sector da alimentação e bebidas é o que tem maior peso na publicidade. Durante a programação infantil, este tema representa quase metade do total de anúncios no conjunto dos três canais.
Anúncios demasiado doces e gordos, denuncia a DECO/PRO TESTE
Durante a programação infantil, a maioria dos anúncios mostra bolos, bolachas, cereais de pequeno-almoço açucarados e aperitivos salgados. Todos estes produtos são ricos em açúcar, gordura ou sal. Ou seja, parte significativa da publicidade é dedicada a produtos que, numa dieta alimentar saudável e equilibrada, devem ser consumidos com moderação.
Para promover os produtos, são usadas algumas estratégias, como brindes, desenhos animados e a imagem da mãe. Por exemplo, um terço dos anúncios recorre a desenhos animados. É o caso de alguns cereais de pequeno-almoço. ?Num terço dos anúncios, a mensagem nutricional pode ser mal interpretada e levar a comportamentos errados?, revela a revista dos consumidores. Tal ocorre com a Sunquik, Um Bongo, Kinder, Pescanova, Phoskitos, Cola Cao e Nestlé. A figura da mãe, família ou escola aparece em quase um quinto dos anúncios e inclui as marcas Kinder, Sunquik, Phoskitos, Um Bongo e Nestlé. A estratégia é a mãe aprovar e recomendar estes produtos às crianças.
Apesar de menos publicitados, durante a programação infantil, a DECO/PRO TESTE encontrou anúncios a produtos, como iogurtes e queijos. Já os anúncios que encorajem o consumo de fruta, vegetais e peixe são inexistentes.
O excesso de anúncios sobre alimentos de alto teor energético é classificado entre os factores de risco para a obesidade pela Organização Mundial de Saúde. E os adolescentes portugueses, com destaque para as raparigas, encontram-se entre os mais gordos da Europa.
Consumidores exigem
A SIC e TVI cometem alguns atropelos à lei da televisão e os anunciantes fazem passar, sobretudo, produtos alimentares pouco interessantes do ponto de vista nutricional. Segundo a DECO/PRO TESTE, é urgente actuar a vários níveis: Governo, estações emissoras, agentes de publicidade, Instituto do Consumidor, escolas, pais e consumidores.
Os operadores de televisão têm de cumprir os tempos permitidos para as mensagens publicitárias. Para assegurá-lo, o Instituto do Consumidor deve intensificar a sua acção de fiscalização. Uma boa ideia é a divulgação pública dos infractores e das coimas aplicadas.
É também urgente apostar em campanhas de sensibilização para uma alimentação saudável e que alertem para os riscos da obesidade. O excesso de peso está associado a inúmeros problemas, como diabetes e doenças cardiovasculares. Não é por acaso que a Organização Mundial de Saúde considera a obesidade como um problema grave, chamando-lhe já a ?epidemia do século XXI?.
Outra solução complementar passa por um código de conduta, feito com a participação da sociedade civil e aplicado pelos canais e agentes da publicidade. Os profissionais do sector deveriam adoptar um código de boas práticas para a publicidade dirigida a crianças, sobretudo em matéria de alimentação. É importante que todos sigam as regras e sejam responsáveis.
Quanto ao consumidor, pode e deve adoptar uma atitude crítica face à publicidade e ajudar os seus filhos a interpretar as mensagens publicitárias. Nesta matéria, as escolas têm também um importante papel a desempenhar. Há que apostar em projectos de educação alimentar e audiovisual. A DECO/PRO TESTE lança um último apelo: ?Nenhum dos agentes neste assunto se pode demitir da sua responsabilidade. É a saúde, actual e futura, dos consumidores que está em jogo?.