quarta-feira, novembro 26, 2008

Literacia e ecrãs

Um extenso e interessante artigo de Kevin Kelly, intitulado "Becoming Screen Literate", veio a lume no diário The New York Times da passada sexta-feira e cuja leitura integral recomendo.
Deixo um pequeno excerto:
"(...) When technology shifts, it bends the culture. Once, long ago, culture revolved around the spoken word. The oral skills of memorization, recitation and rhetoric instilled in societies a reverence for the past, the ambiguous, the ornate and the subjective. Then, about 500 years ago, orality was overthrown by technology. Gutenberg’s invention of metallic movable type elevated writing into a central position in the culture. By the means of cheap and perfect copies, text became the engine of change and the foundation of stability. From printing came journalism, science and the mathematics of libraries and law. The distribution-and-display device that we call printing instilled in society a reverence for precision (of black ink on white paper), an appreciation for linear logic (in a sentence), a passion for objectivity (of printed fact) and an allegiance to authority (via authors), whose truth was as fixed and final as a book. In the West, we became people of the book. Now invention is again overthrowing the dominant media. A new distribution-and-display technology is nudging the book aside and catapulting images, and especially moving images, to the center of the culture. We are becoming people of the screen. (...)
If text literacy meant being able to parse and manipulate texts, then the new screen fluency means being able to parse and manipulate moving images with the same ease. But so far, these “reader” tools of visuality have not made their way to the masses. (...) We are people of the screen now. Last year, digital-display manufacturers cranked out four billion new screens, and they expect to produce billions more in the coming years. That’s one new screen each year for every human on earth. With the advent of electronic ink, we will start putting watchable screens on any flat surface. The tools for screen fluency will be built directly into these ubiquitous screens.(...)".

segunda-feira, novembro 24, 2008

Media digitais na vida das crianças


"Kids' Informal Learning with Digital Media: An Ethnographic Investigation of Innovative Knowledge Cultures" é o título de um projecto de investigação de três anos, realizado nos Estados Unidos da América, cujos resultados acabam de ser publicados. Acessível no site do projecto, sediado nas Universidades da California e Sul da Califónia, explora os modos como as crianças udam os media digitais na sua vida quotidiana.
Acessíveis na Internet encontram-se:

Via Apophenia, onde tomei conhecimento desta informação, pode aceder-se a outros textos de divulgação desta pesquisa:

quarta-feira, novembro 12, 2008

O Português-de-telemóvel

Vale a pena ler o texto de Madalena Cruz-Ferreira, linguista e investigadora, donde retiro a seguinte passagem:

Como qualquer novidade, o Português-de-Telemóvel tem de ter o seu território definido, porque sem entendimento dele não podemos tomar decisões informadas para actuar no sentido de evitar confusão de registos. A questão será então esclarecer que o Português-de-Telemóvel pertence a um registo específico, que é qualitativamente diferente de outros registos escritos. Novos códigos de escrita como este estão a ser alvo de interesse e investigação científica, gerados pelo que possam vir a revelar-nos sobre intuições de seres humanos alfabetizados acerca de formas escritas de línguas. »»Ciência Hoje

terça-feira, novembro 11, 2008

Rua Sésamo: algo mais que nostalgia

"[...] eis que a Rua Sésamo chega a Portugal. Não sei quais foram as razões que levaram ao seu desaparecimento da grelha de programação da televisão pública, mas o que é certo é que, nos relatórios periódicos de estudos prospectivos para a educação, que editam diversas universidades americanas, os monstrinhos coloridos mantêm-se na frente da corrida para que foram magistralmente criados: promover a literacia das crianças entre os três e os seis anos, sobretudo daquelas que não podem frequentar os Jardins-de-Infância e que, por isso mesmo, têm quase sempre um acesso insuficiente à cultura escolar.
Pessoalmente posso testemunhar como os meus filhos, apesar de integrados no ensino pré-escolar, puderam beneficiar da excelente versão portuguesa e de como, na sequência dos programas, não só nos tornámos íntimos do Gualter e da Emilinha, como sentimos a necessidade de ir lendo e comentando as colecções de livros, entretanto publicadas por esta “etiqueta”, primeiros os fáceis, depois os difíceis, os livros de actividades…, um sem fim de experiências emocionais cálidas e de descobertas amorosas e fascinantes.
Assim, cada um de nós teve a oportunidade de encontrar o seu personagem favorito, mas claro, o Poupas e o Óscar Embirrante ocupando um lugar especial na nossa casa.
Entretanto, a Internet e a Amazon permitem-nos saber que o Katrina destruiu o ninho do Poupas e o Mostro das Bolachas agora ensina as crianças a comer brócolos.
Em Portugal, muitos meninos chegam aos dez anos sem saber juntar as letras ou fazer uma conta de somar. Essa triste e revoltante realidade deveria inquietar-nos e forçar-nos a agir com responsabilidade e urgente eficácia. Não significa, de todo, que se corra a comprar quadros electrónicos ou outros gadgets, mediáticos, modernos mas não provados. Nesse sentido, oxalá a visita fugaz da trupe da Rua Sésamo despertasse algo mais do que nostalgia. Oxalá nos devolvesse o melhor serviço público que jamais uma televisão portuguesa ofereceu às nossas crianças".

Cristina Sá Carvalho, O Gualter e a Emilinha, Página 1/RR, 11 de Novembro de 2008

domingo, novembro 09, 2008

Da leitura

“Nunca me hei-de esquecer de quando o meu pai se inclinava para mim para se certificar que eu estava a ler as histórias infantis de Alphonse Daudet, La chévre de Monsieur Seguin. O Sol brilhava lá fora, e eu conseguia ouvir os meus amigos a brincar com o meu irmão no jardim. Estava frustrado. «É tão fácil», dizia o meu pai, «tudo o que tens a fazer é imaginar a pequena cabra a subir a montanha florida, a pastar e a mastigar o dia inteiro, depois, à noite, imaginá-la a encontrar um lobo negro e feroz e a ter de lutar para salvar a pele.» Era fácil para ele que tinha visto muitas cabras, montanhas, até talvez lobos e que já tinha lido a história muitas vezes. Eu também já tinha visto cabras, e montanhas, e fotografias de lobos, mas tinha de fazer um esforço enorme para as colocar todas juntas, porque as imagens não pareciam encaixar-se. Eram planas e sem vida, e tudo o que eu queria fazer era ir correr lá para fora e ir ter com os meus amigos. Desde essa altura tornou-se óbvio para mim que a maior parte das crianças gosta de livros de banda desenhada, de desenhos animados e de televisão porque assim não tem de arranjar as imagens com a sua própria mente.”

Derrick de Kerkhove (1995) A Pele da Cultura, p. 160

sábado, novembro 08, 2008

A primeira geração de 'nativos digitais'



Aqui para ver do que se trata. Aqui para adquirir.