sábado, março 26, 2011

O congresso Literacia, Media e Cidadania ainda em movimento

Literacia, Media e Cidadania em prática
Foto de Joana Rodrigues

Prestes a terminar o Congresso Nacional Literacia, Media e Cidadania, deixamos aqui um breve resumo do mesmo, pelas mãos da Raquel Ribeiro, dedicada voluntária do grupo de Comunicação do evento. Pode ver, ouvir e ler como se passaram os dois dias do congresso no Storify, Twitter, YouTube, Flickr e AudioBoo.

Segue em baixo o texto da Raquel:

Os dias 25 e 26 de Março de 2011 vão ficar registados na agenda da Universidade do Minho. O primeiro Congresso Nacional Literacia, Media e Cidadania foi o mote para a recepção em Braga de um conjunto de profissionais, docentes, especialistas e investigadores das áreas da comunicação e da educação que durante dois dias debateram as questões suscitadas pela necessidade da educação mediática junto dos cidadãos portugueses e, em especial, junto dos mais jovens.

Numa iniciativa conjunta do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS), da Comissão Nacional da UNESCO, Conselho Nacional de Educação, Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Gabinete para os Meios de Comunicação Social, o Ministério da Educação e a UMIC, o Congresso Nacional Literacia, Media e Cidadania configurou um espaço de participação e debate no âmbito da necessidade de intervir, formar, investigar e definir políticas de incentivo à literacia mediática.

Durante dois dias e no decorrer de inúmeras sessões foram vários os temas debatidos, tendo confluído todos os debates para a necessidade urgente de apostar em políticas de educação para os media com o objectivo de formar cidadãos mais esclarecidos e capazes de interpretar criticamente a informação que recebem.

Num caminho de Educação para os Media que quase todos concordam ainda é preciso trilhar, conferencistas e participantes afirmaram a necessidade de diagnosticar o estado da literacia mediática na sociedade portuguesa com o objectivo de levar a cabo políticas que possam favorecer uma cidadania mais plena.

Assim, e no âmbito da premência em colocar em prática políticas de Educação para os Media foi ainda destacada a necessidade em formar civicamente os estudantes, permitindo que os mesmos sejam capazes de desenvolver as suas competências críticas não só em relação às mensagens mediáticas que consomem diariamente mas também em todos os domínios do social em que se encontram envolvidos.

Numa das conferências mais concorridas do dia 25, o professor José Ignacio Aguaded Gomez referiu a necessidade de debater os media num momento em que os mesmos são omnipresentes na sociedade actual estando essa situação intrinsecamente relacionada com as evoluções tecnológicas. Segundo o mesmo, essa mesma evolução é a força motriz de um mundo actual marcadamente fragmentado e composto por uma sucessão de mosaicos, configurados em forma de links.

Ressalvada foi a possibilidade de na sociedade actual encontrar pontos de convergência entre as escolas do século XIX, os professores do século XX e os alunos do século XXI. As potencialidades dos media, ao nível da criação de uma sociedade mais igualitária e justa, forma também alvo de reflexão, referindo-se a profissão dos educomunicadores como fundamental na criação de pontes entre comunicação e educação, ambas faces da mesma moeda.

O congresso ficou ainda marcado pela apresentação do estudo “Educação para os Media, em Portugal: experiências, actores e contextos”, resultado de uma investigação realizada pelo CECS para a ERC. Este estudo visou conhecer melhor a realidade dos actores e das experiências dos agentes permitindo observar por princípio três caminhos dominantes na relação entre os media e os cidadãos: o proteccionismo, o modernizador/tecnológico e o capacitador.

Este estudo permitiu, entre outras coisas, perceber que o panorama geral da Educação para os Media é fragmentário e difícil de perceber atendendo àquilo que são os seus constantes avanços e recuos. Ao mesmo tempo, ficou evidente que a maioria das experiências existentes dirigem-se a crianças vista como alunos e não como crianças-cidadãos. De notar, igualmente, foi a inexistência actual de um plano organizado de acção para a educação mediática em Portugal, ou mesmo de uma qualquer plataforma que permita mediar o ainda escasso trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nesta área. A este propósito o professor Manuel Pinto, um dos co-autores do estudo, mencionou a importância de criar um Observatório sobre Educação para os Media, que colmate estas lacunas observadas.

Apontada como condição essencial para o exercício de uma cidadania plena e activa a educação para os media foi apresentada pelos participantes no congresso como fundamental na redução da info-exclusão. Para que esse fim seja possível é, todavia, fundamental formar. Responder às questões de como, quem, e porquê formar é lutar contra o analfabetismo mediático que parece ainda dominar na sociedade actual.

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