terça-feira, abril 26, 2011

Ângulos, enquadramentos e jornalismos

A Wikileaks, em acção conjugada com uma série de jornais de diferentes países, começou ontem a divulgar documentos confidenciais do Pentágono acerca dos detidos na prisão de Guantanamo, na sequência dos ataques terroristas do 11 de Setembro.
Eis como os sites de dois órgãos de informação prestigiados como são a BBC News e a CNN International noticiavam estes factos (dá-se apenas o título e o 1º parágrafo ou lead, recomendando-se a leitura de cada uma das peças):
CNN: Military documents reveal details about Guantanamo detainees, al Qaeda

Nearly 800 classified U.S. military documents obtained by WikiLeaks reveal extraordinary details about the alleged terrorist activities of al Qaeda operatives captured and housed at the U.S. Navy's detention facility in Guantanamo Bay, Cuba.
(...)

BBC: Wikileaks: Many at Guantanamo 'not dangerous'

Files obtained by the website Wikileaks have revealed that the US believed many of those held at Guantanamo Bay were innocent or only low-level operatives.
(...)
Consultar diferentes fontes de informação e comparar o modo como cada uma propõe e apresenta os mesmos acontecimentos é um dos caminhos mais interessantes e necessários da literacia sobre os media.
Neste caso, trata-se de observar, em especial, aquilo que cada entidade informativa quer sublinhar, ao construir o título e o lead. E, ao sublinhar e destacar, que ângulo de abordagem adopta. Passa por aqui o estudo do framing ou enquadramento das notícias.
Importa notar que um exercício como este não envolve necessariamente um juizo definitivo sobre a qualidade da informação. Para tal precisamos de ir mais longe. Por exemplo: considerando o conjunto da informação difundida sobre os acontecimentos, bem como a respectiva contextualização.
Mas há aqui um factor que é importante na análise: quem informa e a partir de onde informa (que quadro de interesses e pontos de vista).
Por isso, o "quem" da notícia não pode ser procurado apenas no conteúdo daquilo que é dito mas também em "quem" veicula esse conteúdo.

[Este post foi inspirado num tweet da @wikileaks]

segunda-feira, abril 25, 2011

TV perde centralidade entre os jovens


A OFCOM, entidade britânica de regulação dos media, publicou há dias o relatório de uma pesquisa relativa a 2010 intitulada UK Adult's Media Literacy, contendo um panorama dos hábitos e opiniões acerca dos media não apenas de adultos mas também de crianças e adolescenes.  Visto que este tipo de estudo tem vindo a ser feito regularmente, este relatório inlcui, em alguns pontos, uma perspectiva evoltiva, interessante para aferir tendências.
Do relatório da pesquisa destacam-se alguns pontos:
  • - metade dos pais dizem saber menos sobre a Internet do que os seus filhos; essa proporção sobe significativamente à medida que sobe a idade dos filhos;
  • - a televisão perde a sua centralidade entre os jovens, em favor da internet e do telemóvel; seria mais difícil ficar privado destes dois últimos meios do que do pequeno ecrã;
  • - mais de metade das crianças com idade entre os 8 e os 15 anos que usam a internet em casa têm perfil nas redes sociais;
  • - os adultos revelam hoje menos preocupações com a televisão e a internet do que há meia dúzia de anos, ainda que a internet suplante a TV;
  • - de um modo geral, os adultos revelam estar a tirar cada vez mais partido das vantagens da internet, fazendo através dela um leque crescente de actividades - culturais, de lazer, económicas, etc.
[Recorde-se que a OFCOM publicou, já este mês, um relatório análogo, centrado sobre as crianças: UK Children's Media Literacy]

segunda-feira, abril 18, 2011

Não serás um espectador passivo

Encontrei a máxima da minha vida há alguns anos na porta do Museu do Holocausto, em Washington:

"Não serás um criminoso;
não serás uma vítima;
acima de tudo, nunca serás um espectador passivo".


Cit. por C. Abreu Amorim, in JN, 18.04.2011

domingo, abril 17, 2011

Midiaeducação uma ‘boa ideia e uma relação necessária’


A Prof. Nilda Alves, da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) abre uma série de entrevistas que dão forma a um dossiê sobre Mediaeducação, que a revista digital Pontocom começou esta semana a publicar e que se prolongará pelos próximos três meses. Para esta especialista, autora de vários livros e coordenadora do Laboratório Educação e Imagem e, pelo CNPq, do grupo de pesquisa Currículos, Redes Educativas e Imagem, «Midiaeducação uma ‘boa ideia e uma relação necessária’».

O 'conceito' de mediaeducação, que a entrevistada questiona - ainda que o aceite enquanto prática e enquanto relação entre dois campos - é o ponto de partida do dossiê e é definido como:
"(...) um conceito que se traduz em um trabalho educativo sobre os meios, com os meios e através dos meios. Sobre os meios, refere-se ao estudo e análise dos conteúdos presentes nos diferentes meios e suas linguagens. Com os meios, trata-se do uso dos meios e suas linguagens como ferramenta de apoio às atividades didáticas. E através dos meios, diz respeito a produção de conteúdos curriculares para e com os meios, em sala de aula e, também, a educação a distância ou virtual, quando o meio se transforma no ambiente em que os processos de ensino-aprendizagem ocorrem".

segunda-feira, abril 11, 2011

Educação para os Media na Rádio pública

Dirigi hoje uma mensagem ao Provedor do Ouvinte do serviço público de Rádio, com vista a clarificar dúvidas relacionadas com uma exigência da lei da Rádio. Essa mensagem é do teor seguinte:

Caro Provedor,
o Artigo 49.º da Lei da Rádio, relativo às "obrigações específicas da concessionária do serviço público de rádio" estabelece que a RDP deve 
«f) Participar em actividades de educação para os meios de comunicação social, garantindo, nomeadamente, a transmissão de programas orientados para esse objectivo». 
Ainda que seguindo a programação da A1 e da A2, não julgo estar em condições de poder dizer que conheço a programação do operador público. Mas interessa-me a matéria constante da alínea referida. Com esta designação ou com outra (educação para os media, literacia mediática, etc), trata-se de uma matéria de um significado potencial significativo, do ponto de vista daquilo que significa ser (e tornar-se), hoje, cidadão.Daí as minhas perguntas: 
a) Existe algum programa na actual grelha de algum dos canais do operador público de rádio que cumpra aquele preceito legal? Se sim, qual ou quais? 
b) Caso não exista (até porque a lei em vigor é recente), existe algum plano para concretizar esse preceito? 
Entendo que o programa do Provedor é, de per si, um programa que, de certo modo, já tem a ver com a educação para os media. Mas julgo que o legislador, ao introduzir aquela alínea, pretendia propostas mais específica e explicitamente orientadas para a educação para os meios de comunicação social. 
Grato pela atenção, 
Manuel Pinto

quinta-feira, abril 07, 2011

Seminário de Marketing Infantil

Está a decorrer hoje no Porto, na Casa da Música, o 6º Seminário de Marketing Infantil organizado pelo IPAM Porto. A Conferência de abertura foi proferida por David Buckingham, especialista em educação para os media, professor do Institute of Education da Universidade de Londres e director do Centre for the Study of Children, Youth and Media (CSCYM), que falou sobre "Children as Consumers: Public Debate and Policy".
Da Universidade do Minho serão apresentadas duas comunicações:
- 'Catch them young' - advertising on television aimed at children, Sara Pereira e Manuel Pinto;
- Advertsing and media education: from theory to practice, Maria José Barbosa, Cândida Pinto e Sara Pereira.

Mais informações aqui.

sexta-feira, abril 01, 2011

Evens Prize for Media Education 2011

Evens Prize
for Media Education 2011


A Fundação belga Evens está a receber candidaturas para uma nova edição do prémio que pretende destacar, e apoiar monetariamente (com 20 mil euros), projectos de Educação para os Media na Europa.
O prazo termina no próximo dia 15 de Abril e as candidatura devem ser feitas a partir do site da Fundação.


Esta é a 2ª edição do "Evens Prize for Media Education". Em 2009, na edição inaugural do prémio, a Universidade do Minho e o British Film Institute receberam esta distinção.

Neste ano de 2011, o prémio conta com o Patrocínio de Androulla Vassiliou, membro da Comissão Europeia, responsável pelo pelouro da Educação, Cultura, Multilinguismo e Juventude.