quinta-feira, julho 28, 2011

O nome e a coisa

Já esclareci que não sou esquisito quanto ao nome que deve ser dado à coisa que designamos por Educação para os Media. Se o nome for o papel de embrulho, eu quero é saber do recheio, mesmo que nem tudo me sirva para embrulhar.
Mas desde, pelo menos, 1988, que defendo que não fará muito sentido apostar e gastar energia na Educação para os Media se esta não for colocada num registo e num horizonte de Educação para a Comunicação. (Daí o nome deste blog).
Neste âmbito, é interessante acompanhar e analisar certas evoluções. Por exemplo, a Film Education, dos anos 40, 50 e 60 do século findo, deu origem à mais abrangente Media Education. A UNESCO, desde os anos 70 e, sobretudo, 80, agarrou, debateu e apostou nesta designação, que entrou também nas iniciativas e publicações do Conselho da Europa e, de algum modo, na União Europeia, quando a União começou a virar-se para terrenos que não apenas económico-mercantis.
Mas apetece perguntar: como e porquê passou a Media Education a Media Literacy e esta a Digital Literacy, na União Europeia? Do mesmo modo, como e porquê abandonou a UNESCO a designação de Media Education e passou a propor, em seu lugar, Media and Information Literacy (MIL)?
Responder a estas perguntas exigiria - e exige - estudo e detença. E o assunto merece. No quadro desta mera nota, só chamaria a atenção para um ponto que formulo sob a forma de (outra) pergunta: porque será que, neste processo, que leva já boas décadas de trajectória, a preocupação com a comunicação parece ter ficado pelo caminho, tanto na Europa como nos Estados Unidos?
Certamente que, aqui, seria necessário esclarecer o que entendemos por comunicação. Curiosamente, ela aparece, ainda que de roupas discretas, na conhecidíssima sigla TIC que, enfatizando a Tecnologia, introduz o determinativo "da Informação e da Comunicação". Mas quando referimos a sociedade dos nossos dias, dizemos muito mais frequentemente que ela é "da Informação" do que "da Comunicação". É ou não verdade? E porque será?
Vem a talhe de foice regressar à terminologia que, mansa mas poderosamente, avança nos circuitos da UNESCO: aos media juntou-se a informação, mas não a comunicação. Porquê Literacia dos Media e da Informação e não, por exemplo, Literacia da Informação e da Comunicação?
Ó gentes que se (pre)ocupam com estas coisas: que opinam?

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