segunda-feira, abril 23, 2012

quinta-feira, abril 19, 2012

Tese de doutoramento sobre Educação para os Media


“Concepções de literacia digital nas políticas públicas – estudo a partir do Plano Tecnológico da Educação” é o título da tese que Luís Miguel Pereira apresenta amanhã, dia 20, a partir das 14h30, na Universidade do Minho.
A arguência caberá aos Profs. António Dias Figueiredo, da Universidade de Coimbra, e Alfonso Gutiérrez Martin, da Universidade de Valladolid. Orientaram a investigação o autor deste post e a Prof. Sara Pereira.
Luís Pereira, que é investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da UMinho, um dos autores deste blog e que foi bolseiro de doutoramento da FCT, estudou, no seu mestrado, a relação dos adolescentes com os jogos video, investiga, nesta nova etapa, de que modo a literacia digital aparece enunciada e representada no plano tecnológico da educação implementado pelo Governo anterior. A sua tese é, por outro lado, a primeira que adopta a Educação para os Media como campo de referência e de especialidade, na Universidade do Minho.
Eis um excerto do resumo do seu trabalho:

«Com o Plano Tecnológico da Educação, aprovado em 2007, o XVII Governo pretendia, em três anos, “colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados ao nível da modernização tecnológica do ensino”. No âmbito desta política pública, surgiu o Programa e.escola ao qual se juntou, mais tarde, a Iniciativa e.escolinha, tendo sido distribuídos com estas medidas cerca de 2 milhões de computadores portáteis, muitos deles com acesso a internet de banda larga.
Esta investigação propõe-se estudar o relevo da literacia digital, e o quadro conceptual que a sustenta, em políticas de implementação da tecnologia, procurando evidenciar uma tendência para reduzir a literacia para os ambientes digitais à sua componente técnica.(...)».

Continuar a ler: AQUI.

terça-feira, abril 17, 2012

Educação para os Media contra a "institucionalização da ignorância", defende Pacheco Pereira



O historiador José Pacheco Pereira defendeu ontem, em Coimbra, que a escola não deve apenas ensinar as crianças a ler, escrever e contar, mas também educá-las para os media, desde a pré-primária. Ao participar hoje, na Universidade de Coimbra, num seminário de doutoramento com a comunicação “Educação para os Media”, o orador realçou que, quando as crianças ingressam no ensino pré-primário, “já têm milhares de horas de televisão”, e que é preciso dar atenção a este fenómeno ainda relativamente recente. “A socialização das crianças é hoje feita muito fora da escola e fora da família”, frisou Pacheco Pereira, acrescentando que a televisão e os jogos de vídeo vêm assumindo muito dessa importante função. No entendimento de Pacheco Pereira, “a sua [das crianças] percepção do tempo e do espaço é moldada pelos media modernos”. Salientou que, na escola, também a criança “é cada vez mais atirada para a internet”, para recolher informação, sem ser ensinada sobre a forma como o deve fazer. Na perspectiva do orador, deve ser ensinado às crianças o modo de ver televisão, alertando que esta não é a realidade, mas “uma construção narrativa”, e de que, na internet, “há lixo e não lixo”, e que é preciso saber navegar com proveito. A não ser assim, cria-se “uma camada de gente analfabeta dos media, mesmo quando os utiliza extensivamente”, acentuou Pacheco Pereira.

O orador acrescentou que, sem essa educação para os media, haverá “uma maior institucionalização da ignorância, uma enorme dificuldade entre o saber e o palpite, uma perda muito significativa do papel da individualidade e da privacidade”. Haverá também – prosseguiu – “uma tendência para um relativismo cultural, em que tudo é igual, tem o mesmo valor”, seja uma canção da moda ou uma música clássica, um vídeo no “youtube” ou um filme de referência. “Tudo isto é o resultado de uma crise das mediações, que é um dos aspectos mais perniciosos do mundo contemporâneo. Ela manifesta-se com a crise da família, enquanto entidade mediadora da transmissão de conhecimentos e de socialização, da crise da escola, na crise das actividades profissionais que também deveriam ter esse papel de mediação, como o próprio jornalismo”, acentuou. Na sua comunicação, Pacheco Pereira expressou também uma visão crítica sobre os media, que diz serem, para “as grandes massas, mais factor de controlo e empobrecimento do que enriquecimento”, e de não se assumirem como inclusivos, mas “perpetuarem factores de exclusão previamente existentes”. (Lusa)

segunda-feira, abril 16, 2012

Usar latas para descobrir a fotografia

Latas transformadas em máquinas fotográficas pinhole
Foi lançada em Lisboa a campanha "Latas na cidade", que tem por objetivo "divulgar a fotografia pinhole, um método muito diferente de fazer fotografias e aguçar a curiosidade das pessoas". A ideia foi desenvolvida por Magda Fernandes e José Domingos, responsáveis pelo ateliê Imagerie - Casa de Imagens, envolvendo a distribuição de 18 latas gigantes pela cidade, com um autocolante onde se pode ler: "Eu não sou uma lata, sou uma câmara fotográfica! Usa-me!"
"Queremos fazer com que as pessoas percebam que a fotografia pode ser uma coisa mais simples e ao mesmo tempo mais mágica, porque não é tecnológica. Uma câmara fotográfica pode ser uma coisa tão básica como uma lata e tem um tempo próprio, porque não tiramos uma fotografia e ela fica logo disponível, é preciso pensar mais e demorar mais tempo a fazer a fotografia e nós queríamos partilhar isso com as pessoas", referiu Magda em declarações à Lusa.
Segundo Magda Fernandes "as pessoas podem pegar na lata, levá-la com elas e fotografar onde quiserem. Depois de tirar a fotografia, podem deixá-la no mesmo sítio", uma vez que os responsáveis pelo projeto vão buscá-la.
O objetivo é terminar o projeto a 29 de abril, Dia Mundial da Fotografia Pinhole e se correr como esperado, com "quantidade e qualidade de fotografias suficiente", pode resultar numa exposição.
Na página do Facebook do projeto e na página da Internet do atelier, é possível ter acesso a um mapa de localização das latas, que vai sendo atualizado por Magda e José Domingos.
As máquinas fotográficas não querem que os autores das fotografias fiquem na incógnita e contêm autocolantes nos quais pode ficar registado o nome do "fotógrafo", contacto e título da peça.

Seminário sobre Alfabetização Mediática


alfAlfonso Gutiérrez Martín vai orientar um seminário sobre “Alfabetización Mediática. Educar en la Sociedad de la Información”, no quadro do Seminário Permanente de Educação para os Media do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho (UM) e do Mestrado em Comunicação, Cidadania e Educação (Departamento de Ciências da Comunicação).

Gutiérrez Martín é Professor de "Nuevas Tecnologías aplicadas a la Educación" no Departamento de Pedagogía, E.U. Magisterio de Segovia, Universidad de Valladolid, Espanha. Os seus trabalhos centram-se sobretudo nas relações entre novas tecnologias e educação, nomeadamente, televisão educativa, educação para os media, os novos recursos didáticos, educação multimédia, e implicações educativas das redes de comunicação.
Mais informação: aqui.

domingo, abril 08, 2012

Trabalhos de casa

O jornal Público de hoje traz um inquérito sobre a questão dos trabalhos que os alunos são convidados a realizar em casa, vulgo TPC. Sobre a matéria, como titula o diário, as opiniões dividem-se. Há quem se manifeste a favor dos TPC, mas sugerindo ser-se criativo na sua forma. Uma caixa inserida na peça jornalista coloca a questão: "Ver o telejornal pode ser um TPC?"

sábado, abril 07, 2012

Jornal na educação, no Brasil: "muito bacana"

Esta é uma entrevista com Cristiane Parente, Coordenadora Executiva do Programa Jornal e Educação da Associação Nacional de Jornais, do Brasil, dada ao jornal Folha da Região, de Araçatuba/SP, e transmitido pela Rádio Cultura FM 95,5 e pela TV local - Canal 21 NET. Uma oportnidade de reflectir sobre o lugar e o sentido do jornal na educação e para fazer uma ideia, ainda que sumária, da dimensão de projectos desta natureza no Brasil.

quarta-feira, abril 04, 2012

Proibir publicidade para crianças?

A luta que a Associação Portuguesa de Direito do Consumo (APDC) e, particularmente, o Dr. Paulo Morais vêm travando, nos últimos tempos, fazendo lobby para que seja proibida a publicidade dirigida a crianças até 12 anos dá ênfase a uma matéria importante. Mas é, no meu modo de ver, bem o exemplo de como, no nosso país frequentemente se tenta resolver os problemas, transpondo-os para o terreno das leis e do Direito.
Devo dizer que tenho a maior consideração por Paulo Morais e que esta nota crítica nada mais pretende senão contribuir para um debate que julgo necessário, mas que está a ser mal conduzido e é mesmo susceptível de reforçar a situação em que nos encontramos, em vez de contribuir para a sua melhoria.
Em primeiro lugar, nós já temos um código da publicidade com matérias que vão de encontro a preocupações da APDC. Por exemplo, quando proíbe publicidade que:
"(...) encoraje comportamentos prejudiciais à saúde e segurança do consumidor, nomeadamente por deficiente informação acerca da perigosidade do produto ou da especial susceptibilidade da verificação de acidentes em resultado da utilização que lhe é própria". Preconiza, por outro lado que "a publicidade não deve comportar qualquer apresentação visual ou descrição de situações onde a segurança não seja respeitada, salvo justificação de ordem pedagógica". E explicita que o disposto nestes pontos deve ser particularmente acautelado no caso da publicidade especialmente dirigida a crianças (...)".
O mesmo Código cria uma barreira a anúncios que incitem "directamente os menores, explorando a sua inexperiência ou credulidade, a adquirir um determinado bem ou serviço" ou "a persuadirem os seus pais ou terceiros a comprarem
os produtos ou serviços em questão". Não podem, por outro lado "conter elementos susceptíveis de fazerem perigar a sua integridade física ou moral, designadamente pelo incitamento à violência" nem "explorar a confiança especial que os menores depositam nos seus pais, tutores ou professores".
No plano das leis, teríamos logo aqui todo um programa de acção que poderia levar a APDC a pressionar os anunciantes, as agências, os media e o regulador da comunicação social a serem estritos no cumprimento da lei. E já não faltaria que fazer.
Ao optar por uma medida radical - acabar pura e simplesmente com a publicidade para crianças a APDC define, a meu ver, um alvo errado. Desde logo, porque, num tempo de crise, de que os media se ressentem fortemente, é pouco provável que alguém com peso decisório (Governo, partidos...) assuma e 'compre' uma guerra com os media e com os grandes grupos que são os maiores anunciantes. Depois, porque este combate por uma causa inquestionavelmente generosa, parece esquecer que o panorama mediático se alterou radicalmente na última década e que a publicidade conhece hoje modalidades e segue caminhos que tornam utópico proibi-la a quem quer que seja ou proibi-la até uma certa idade deixando-a existir para idades subsequentes.
Se não fosse mais, eu tenderia a lamentar que, com base em preocupações que eu pessoalmente partilho, as energias que têm sido canalizadas para uma luta condenada ao insucesso, não sejam dirigidas para a reivindicação da formação de todas as crianças para atitudes e práticas críticas face à publicidade e face aos media através dos quais aquela circula.
Acabar com a publicidade na lei pode tranquilizar os pais e os educadores, mas não os responsabiliza naquilo que é fundamental: o seu papel e o seu dever de acompanhar, estar presentes, ajudar a ler o mundo, enfrentar as lógicas consumistas, resistir às estratégias do marketing, tirando até partido do engenho e da arte de que os publicitários inquestionavelmente dão mostras.
Exigir o escrupuloso cumprimento daquilo que a lei já preconiza relativamente à publicidade e investir seriamente numa literacia mediática e digital que não se reduza ao uso de tecnologias mas que seja uma educação para a compreensão do mundo, para a cidadania activa e crítica - eis o que é necessário e urgente. Mas também devo dizer que não me parece que seja nesse sentido que sopram hoje os ventos, entre nós. Por maioria de razão fazem falta, por isso, movimentos cívicos de alerta e de lobby. Desejavelmente com o contributo de instituições como a Associação Portuguesa de Direito do Consumo,cuja acção é sem dúvida fundamenta.

"E se a publicidade a menores de 12 anos for proibida?"


A newsletter Meios & Publicidade, uma das mais relevantes fontes sobre os operadres de media no nosso país, publica hoje um texto cuja relevância para este espaço de educação para os media é evidente. Com a devida vénia, aqui o transcrevemos, remetendo para o respectivo site a consulta de outros materiais sobre o mesmo assunto:

Nas últimas semanas, a Associação Portuguesa de Direito do Consumo (APDC) tem intervindo em vários fóruns para pedir a proibição da publicidade dirigida a crianças até aos 12 anos. Acabar com “a publicidade dirigida a crianças seria uma medida de higienização social”, afirmou Paulo Morais, presidente da Comissão Criança & Consumo da APDC, considerando ainda que “os hábitos alimentares e a disciplina nas escolas seriam melhores”. O presidente da APDC, Mário Frota, também realçou que “o sobreendividamento é resultante, muitas vezes, de publicidade dirigida a menores, que são decisores, influenciam a família”. A luta da associação não acaba aqui. O presidente apontou para o exemplo dos países nórdicos e do projecto que estará a ser analisado em França para que crianças até 12 anos não sejam protagonistas de comunicação. Do lado do Governo já se sabe que prefere a actuação pedagógica a mudar leis. “Estamos num âmbito em que a proibição [da publicidade dirigida a menores] não será o factor mais adequado para prevenir problemas. A melhor forma vai no sentido de proporcionar pedagogicamente os instrumentos de autodefesa às crianças”, afirmou Marco António Costa, secretário de Estado da Segurança Social no início deste mês. Mais restrições deverão vir do Parlamento. Em Março foram aprovadas as propostas do PSD, do PS e do PEV para limitar a publicidade a alimentos e bebidas de elevado teor em açúcar, gordura ou sódio, dirigidas ao target infantil. A questão baixou à Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação que deverá agora elaborar a proposta final.
“A APAN defende que a proibição da publicidade não é uma solução benéfica ou uma resposta adequada às necessidades dos mais novos. Acreditamos sim numa auto-regulação equilibrada e ajustada, e na sua monitorização atenta e rigorosa”, comentou ao M&P Manuela Botelho, secretária-geral da Associação Portuguesa de Anunciantes. A responsável relembra que a indústria alimentar está a mudar a forma como comunica com os menores de 12 anos. “Algumas empresas, inclusivamente, deixaram de fazer publicidade dirigida a este público. É importante destacar também que todas as empresas estão a ser monitorizadas por terceiros, com vista a medir o seu compromisso e a medir o impacto global destas mudanças”.
Também Sofia Barros, secretária-geral da APAP, refere que a associação das agências está contra, já que significaria colocar as crianças numa “redoma”. “As crianças têm que aprender. E aprender significa ter contacto. Têm que aprender o que são conteúdos, o que são fontes, o que são intenções. Porque à sua volta, o fluxo de informação é imparável, seja televisivo ou não.” Mesmo assim, Sofia Barros ressalva que esta posição não está relacionada com o investimento que o sector faz nas agências já que este “não desapareceria porque ou mudava de alvo (os pais em vez dos filhos) ou mudava de local (de mass media para, por exemplo, jogos, promoções e eventos)”.
(Crédito da imagem: UPC)