terça-feira, outubro 08, 2013

Conferência Internacional «Os Livros e a Leitura: Desafios da Era Digital».

O Programa Gulbenkian Qualificação das Novas Gerações, organiza, no próximo dia 28 de outubro, a Conferência Internacional de Educação 2013 «Os Livros e a Leitura: Desafios da Era Digital».
A conferência tem como objetivo principal debater o papel do livro e da leitura na era da internet e ao mesmo tempo assinalar os 51 anos da existência do Plano de Edições da Fundação Calouste Gulbenkian, (FCG) criado para editar obras pouco atrativas comercialmente, mas essenciais para o mundo académico e para a formação das pessoas.
O evento terá como convidado principal Jürgen Habermas, um dos mais importantes e influentes filósofos da atualidade, que, da parte da manhã, falará sobre a Democracia na Europa, tema a que se tem dedicado nos últimos anos.
À tarde, Gustavo Cardoso apresentará os resultados do estudo sobre  leitura digita por ele coordenado, e que a FCG promoveu no último ano.
Destaque ainda para a presença do sociólogo John Thompson, que irá falar sobre o futuro do livro.
A conferência decorre no Auditório 2 da sede da FCG, em Lisboa, e tem entrada livre (sem necessidade de inscrição).
O programa completo é o seguinte:
9h30 – Sessão de Abertura
Artur Santos Silva
Eduardo Marçal Grilo
José Gomes Canotilho
Jürgen Habermas
10h00 –  Conferência de Abertura
“A Democracia na Europa”
Jürgen Habermas
11h00 –  Presidente: Manuel Carmelo Rosa
Gramática do Português – Apresentação da obra
Eduardo Paiva Raposo
Maria Fernanda Bacelar do Nascimento
Viriato Soromenho Marques 
14h30 -  Presidente: Ana Paula Gordo
“A Leitura Digital e a Transformação do Incentivo à Leitura e das Instituições do Livro”
Gustavo Cardoso
Carla Ganito
Luis Gonzalez Martin
José Afonso Furtado
16h45 –  Presidente: Eduardo Marçal Grilo
Conferência “O Futuro do Livro”
John Thompson
18h00 – Sessão de Encerramento
Eduardo Marçal Grilo
Manuel Carmelo Rosa
Henrique Monteir

terça-feira, julho 02, 2013

"Literacias, leitura e digital, os desafios da escola atual" - Seminário em Vizela

A Rede de Bibliotecas Escolares de Vizela inicia hoje um seminário que se prolongará por quatro sessões de formação dedicadas ao tema genérico "Literacias, leitura e digital, os desafios da escola atual."


Programa

Dia 3 de Julho. Os desafios da escola atual

14h00. Receção. Entrega de documentação
14h30. Sessão de abertura: Ministério da Educação. Rede de bibliotecas escolares. Plano Nacional de Leitura. Câmara Municipal de Vizela. Centro de Formação Martins Sarmento.
15h00. Conferência inicial “Educação para a sociedade digital”
Vitor Barrigão Gonçalves. Instituto Politécnico de Bragança
16h00 Coffee-break
16h15. Literacias, leitura e digital, os desafios da escola atual.
Adelina Paula Pinto. Rede de bibliotecas escolares
Márcia Castro. Biblioteca Municipal Fundação Jorge Antunes

Dia 4 de Julho. O desafio da leitura

14h00. A Escola e a construção de leitores.
Teresa Silveira. Universidade do Porto.
15h00. A utilização das novas tecnologias ao serviço da promoção da leitura recreativa.
Raquel Ramos. Rede de bibliotecas escolares.
16h00. Coffee-break
16h15. Apresentação do projeto Ler para aprender.
Professores bibliotecários do concelho de Vizela
17h00. Debate

Dia 10 de Julho. O desafio da literacia mediática

14h00. Literacia mediática e a construção da cidadania.
Manuel Pinto. Centro de Estudos de comunicação e Sociedade. Universidade do Minho.
15h00. A definir
Conselho Nacional de Educação
16h00 Coffee break
16h15. Apresentação do projeto da Escola de Infias – Gulbenkian
17h00. Debate

Dia 11 de Julho. O desafio do digital e do elearning

14h00. Etwinning.
Teresa Lacerda
15h00. Pordata
16h00. Coffee break
16.15. Literacia estatística ao serviço da educação.
Instituto Nacional de Estatística.
17h00. Apresentação da Escola Secundária de Vizela.
17h30. Encerramento.

quarta-feira, maio 29, 2013

Encontro aberto no sábado, dia 1


Os que se interessam pelos cruzamentos entre os universo da comunicação e da educação estão convidados para o encontro com o Prof. Ismar Oliveira Soares, da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, neste sábado, às 10h30, no Salão de Atos do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho (Campus de Gualtar). 
O Prof. Ismar é um dos académicos e ativistas de referência no campo da Educomunicação no Brasil, tendo por base o Núcleo de Comunicação e Educação da ECA. Um dos seus projetos mais recentes foi o lançamento de uma licenciatura sobre a matéria.
O encontro deste sábado, que designámos por "Educomunicação: Diálogos Luso-Brasileiros", é organizado pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade no âmbito do Seminário Permanente de Educação para os Media e será uma oportunidade para dar a conhecer o que se faz nesta matéria na Universidade do Minho e, sobretudo, conhecer com mais profundidade as experiências do Estado de São Paulo e do Brasil.

domingo, maio 19, 2013

Jornada sobre Publicidade Infanto-Juvenil

Decorre no próximo dia 20, na Universidade Lusófona do Porto, umas Jornadas sobre Publicidade Infanto-Juvenil que visam debater o parecer do Comité Económico e Social Europeu sobre "Um Quadro para a Publicidade destinada aos jovens e às Crianças", aprovado nos dia 18 de setembro de 2012. A entrada é livre.

PROGRAMA:

09.00 – Sessão de abertura

09.15 – "O Parecer do Comité Económico e Social Europeu de 18 de Setembro de 2012"
               Jorge Pegado Liz, Conselheiro do CESE
09.45 – "Publicidade Infanto-Juvenil: permitir, restringir ou proibir?"
               Sara Pereira, Universidade do Minho
10.15 – "As consequências nefastas da publicidade dirigida a crianças"
               Paulo Morais, Universidade Lusófona do Porto e Comissão Criança & Consumo/apDC
10. 45 – Pausa-Café
11.00 – "Inconvenientes da exposição das crianças e jovens à publicidade e ao marketing"
               Francisco Maia Neto, Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco
11.30 – "Os Regimes Mais Avançados dos Países Mais Desenvolvidos"
               Mário Frota, CEDC - Centro de Estudos de Direito do Consumo de Coimbra/apDC
12.00 – Debate
13.00 – Encerramento

Organização:
Instituto de Estudos Eleitorais da ULP
APDC - Associação Portuguesa de Direito do Consumo

segunda-feira, maio 13, 2013

Comunicação e educação: o trabalho em rede


2º Congresso 'Literacia, Media e Cidadania'O congresso sobre “Literacia, media e cidadania”, que decorreu nos últimos dias no belo espaço do Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, deu sinais de que a literacia relacionada com os media vai ganhando algum lugar nas políticas publicas e nas agendas de cada vez mais pessoas e instituições. E isto porque a consciência do lugar desses meios, novos e menos novos, na vida das pessoas e da sociedade torna necessário e urgente fazer desse lugar um assunto de questionamento. Desde logo porque muitos cidadãos são excluídos dos benefícios que podem advir dos media e das redes digitais. Mas também porque muitas pessoas, de todas as idades e condições, ainda que tendo modos de aceder aos meios, não se sentem preparadas para acautelar os riscos e maximizar os benefícios, melhorando a qualidade da comunicação consigo mesmo e com os outros.


Uma das riquezas deste congresso foi permitir o encontro entre quem ensina, quem dinamiza actividades (por exemplo, nas biblioteca públicas ou escolares), agentes do campo técnico-político, reguladores, meios de comunicação e investigadores dos media e da educomunicação, entre outros.
No que se refere à literacia mediática , entendo, porém, que precisamos de avançar mais no diálogo com os profissionais dos media – com jornalistas, certamente, mas também com produtores, guionistas, designers, publicitários, criadores multimédia, gestores… Esse diálogo pode trazer vantagens para todas as partes e abrir territórios interessantes de cooperação e aprendizagem mútua.
Nesta linha, o painel que, no congresso, juntou ex-provedores de diferentes media para pensar as relações entre a atividade de provedor e a literacia mediática foi já um passo muito significativo. Recordo, desse momento, a chamada de atenção de Adelino Gomes para o facto de que a tarefa de dar a ver, que cabe aos jornalistas e, por extensão, a todos os profiss
ionais, se torna difícil ou mesmo impossível se o profissional não aprendeu e não sabe, ele próprio, ver, se não é um receptor crítico. Ao mesmo tempo, com profissionais de olhar incisivo e inteligente, capazes de se porem no lugar dos seus interlocutores e destinatários, todos beneficiam, já que ajudam a ir além das evidências e a tornar mais fundamentada e esclarecida a crítica e o contributo dos utilizadores. Há que prosseguir este trabalho de encontro, de escuta mútua e de trabalho em rede.

(Publicado na edição de hoje do jornal diário digital Página 1, da Renascença)

domingo, maio 05, 2013

Alunos de Comunicação da UMinho participam na iniciativa '7 Dias com os Media'


Os estudantes do 3º ano do 1º Ciclo em Ciências da Comunicação e os estudantes do Mestrado em Comunicação, Cidadania e Educação, da Universidade do Minho, estão a organizar um conjunto de atividades no âmbito da iniciativa nacional '7 dias com os media'. As 22 atividades promovidas por estes estudantes decorrem de 3 a 9 de maio, sendo algumas das iniciativas abertas ao público em geral. Consulte a lista de atividades e junte-se à iniciativa.  Participe nas atividades dos estudantes ou faça a sua própria proposta, ainda vai a tempo. O importante é que estes sete dias sejam uma jornada de reflexão e de ação em torno do papel e do lugar dos media nas nossas vidas.
A iniciativa '7 dias com os media' é uma organização conjunta de cinco instituições: Comissão Nacional da UNESCO, Conselho Nacional de Educação, Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Gabinete para os Meios de Comunicação Social e Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho.
As atividades dos estudantes enquadram-se nas Unidades Curriculares 'Media, Públicos e Cidadania', do 1º Ciclo em Ciências da Comunicação, e 'Media, Participação e Cidadania', do Mestrado em Comunicação, Cidadania e Educação. 




segunda-feira, abril 29, 2013

Plano Nacional de Cinema talvez só no próximo ano letivo

Foto: Daniel Rocha/Público
O Plano Nacionalde Cinema, apresentado pelo Governo em Setembro passado, nem sequer foi publicado, até este momento. As ações de formação de professores arrancaram, mas foram interrompidas sem explicações às escolas envolvidas. Neste momento, aponta-se o próximo ano letivo como o momento do re-arranque. O ponto de situação é feito hoje pelo jornal público, num trabalho assinado pela jornalista Graça Barbosa Ribeiro:

"As acções de formação de professores foram interrompidas em Dezembro e os filmes nunca chegaram aos alunos das 23 escolas em que este projecto ia ser testado, antes de ser generalizado ao país

Apresentado no início deste ano lectivo, o Plano Nacional de Cinema (PNC) chegou a arrancar em 23 escolas do país, envolvendo largas dezenas de professores e milhares de alunos do ensino básico e do secundário. Sete meses depois, no entanto, os docentes queixam-se de que o programa não existe, formalmente ou no terreno.

Previsto na Lei do Cinema e do Audiovisual, o PNC foi apresentado em Setembro pelos então secretários de Estado do Ensino e da Cultura, Isabel Leite e Francisco José Viegas, na Cinemateca, em Lisboa. O objectivo, disseram na altura, era promover a literacia para o cinema, impulsionando a criação de novos públicos. Como? Levando nomes como Chaplin, Tim Burton, Truffaut, Spielberg, Scorsese, Kiarostami, Oliveira, Fernando Lopes, Luís Filipe Rocha, Edgar Pêra ou João Salaviza a três mil estudantes dos 5.º, 7.º e 10.º anos de escolaridade de 23 escolas, este ano lectivo, alargando o projecto a outros alunos, mais tarde.

"Não foi difícil envolver os professores e entusiasmar os alunos, o programa era interessantíssimo e tudo parecia estar excepcionalmente bem estruturado", comenta Maria Antónia Pereira, da secundária de Évora. Estavam previstas três exibições por cada um dos níveis de ensino e por período (em Novembro, Fevereiro e Abril), todas elas precedidas por sessões de formação em que seriam fornecidos aos professores material e sugestões para exploração de diversos temas de cada um dos filmes.

Outros directores e coordenadores de escolas seleccionadas confirmaram que o PNC não só arrancou como previsto, como gerou entusiasmo. "As turmas foram escolhidas, os professores indicados e as actividades a desenvolver no âmbito do PCN inscritas nos respectivos planos curriculares e de actividades", enumera Paula Santos, do agrupamento de escolas Coimbra Oeste. Os relatos não variam muito de escola para escola.

O director do Agrupamento de Escolas de Maximinos, de Braga, António Silva Pereira, chegou a falar com os responsáveis autárquicos, para requisitar uma sala de cinema; a coordenadora do projecto de Évora pediu o apoio do cineclube da universidade local; Lurdes Ramalho, da Secundária do Restelo, em Lisboa, planeou fazer as projecções no Centro Cultural de Belém e Paula Santos, de Coimbra, optou pelo Exploratório de Ciência. Não formalizaram, contudo, qualquer contrato: havia a indicação de que o acordo seria firmado, mais tarde, pela estrutura coordenadora do PNC.
(...)"

Continuar a ler AQUI.


quarta-feira, abril 24, 2013

Livros: elas leem mais do que eles


Sessenta e cinco por cento dos portugueses residentes no Continente com 15 ou mais anos leram pelo menos um livro nos últimos 12 meses e, em média, cada português leu entre 3 e 5 livros ao longo desse período, segundo dados relativos à 1ª vaga do estudo TGI 2013 da Marktest, acabadios de divulgar.
A classe social, o sexo e vaidade mostram-se as variáveis nas quais se registam maiores graus de diferenciação, sendo que as mulheres, as pessoas de nível socioeconómico mais elevado e os mais novos são os que mais leem.

    LERAM PELO MENOS UM LIVRO NOS ÚLTIMOS 12 MESES    
[Mais informação AQUI.]

Lançamento do livro "Cérebro e Leitura"

No próximo dia 27, sábado, pelas 15h, será lançado na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, o livro "Cérebro e Leitura" da autoria de Teresa Silveira. Esta obra, que resulta da dissertação de mestrado desenvolvida pela autora,  permite-nos compreender os modos e os processos de leitura na era digital. Um livro bastante pertinente para o tempo atual, portanto.

segunda-feira, abril 22, 2013

Curriculo para a formação de professores
Alfabetização mediática e informacional


A UNESCO acaba de anunciar a versão em português do seu Currículo para formação de professores em alfabetização mediática e informacional.
Trata-se de um trabalho que foi debatido por inúmeros especialistas de diferents partes do mundo nos últimos cinco anos, que vai certamente inspirar novos trabalhos, sobretudo no âmbito da formação.
Ficam aqui os pontos que esse currrículo deve integrar:

"De modo geral, o Currículo de  Alfabetização Mediática e Informacional (AMI) incluído nesta publicação visa a auxiliar os professores a explorar e compreender a AMI, abordando os seguintes pontos:
  • as funções das mídias e de outros provedores de informação; como eles operam e quais são as condições ótimas necessárias para o cumprimento eficaz dessas funções; 
  • como a informação apresentada deve ser criticamente avaliada dentro do contexto específico e amplo de sua produção;
  • o conceito de independência editorial e jornalismo como uma disciplina de verificação;
  • como as mídias e outros provedores de informação poderiam contribuir racionalmente para 
  • promover as liberdades fundamentais e a aprendizagem continuada, especialmente à medida que 
  • eles relacionam como e por que os jovens acessam e usam as mídias e a informação hoje, e como eles selecionam e avaliam esses conteúdos;
  • ética nas mídias e ética na informação;
  • as capacidades, os direitos e as responsabilidades dos indivíduos em relação às mídias e à informação;
  • padrões internacionais (Declaração Universal dos Direitos Humanos), liberdade de informação, 
  • garantias constitucionais sobre liberdade de expressão, limitações necessárias para impedir a 
  • violação dos direitos do próximo (questões como linguagem hostil, difamação e privacidade);
  • o que se espera das mídias e dos outros provedores de informação (pluralismo e diversidade 
  • como normas);
  • pontes de informação e sistemas de armazenamento e organização de dados;
  • processos de acesso, busca e definição de necessidades informacionais;
  • ferramentas de localização e busca de dados;
  • como entender, organizar e avaliar informações, incluindo a confiabilidade das fontes;
  • criação e apresentação de informações em diversos formatos;
  • preservação, armazenamento, reutilização, gravação, arquivamento e apresentação de informações em formatos utilizáveis;
  • uso de informações para a resolução de problemas e para a tomada de decisões na vida pessoal, 
  • econômica, social e política. Apesar de ser extremamente importante, este item representa uma 
  • extensão da AMI que está muito além do escopo do presente currículo".
[Para as versões em francês, inglês, espanhol, e árabe, ver AQUI]

domingo, abril 21, 2013

30 anos do CLEMI, com irradiação internacional


O CLEMI - Centre de Liaison de l'Enseignement et des Moyens d'Information, de França, completa hoje o seu 30º aniversário, se tivermos por referência a data do despacho oficial da sua criação.
Este serviço do Ministério da Educação Nacional, com serviços centrais em Paris, mas presente um pouco por todo o território, nas diferentes 'academias', "tem por missão promover, nomeadamente através de acções de formação, a utilização pluralista dos meios de informação no ensino, a fim de favorecer entre os alunos uma melhor compreensão do mundo que os rodeia, desenvolvendo simultaneamente o seu sentido crítico".
O CLEMI desenvolve, por iniciativa própria ou em parceria com outras instituições, nomeadamente com os meios de comunicação social, acções que vão da formação à produção de recursos, organização de concursos (designadamente de jornais escolares), estudos e publicações. A sua irradiação internacional é igualmente de assinalar, sob a coordenação de um nome de referência em muitos países do mundo, Evelyne Bévort (que, não por acaso, é uma das conferencistas do 2º Congresso de Literacia, Media e Cidadania, que se realiza em 10 e 11 de Maio próximo, em Lisboa).
Em Setembro de 1981, o ministro da Educação Nacional da altura, tendo em conta as múltiplas experiências que um pouco por todo o lado, as escolas levavam a cabo no domínio dos media e da educação, decide encomendar um relatório sobre "a introdução dos meios informativos no ensino". Foram encarregados da tarefa, que se prolongou até Março do ano seguinte, dois especialistas, um dos quais - Jacques Gonnet, professor da Sorbonne e "assessor do director geral do Centro Nacional de Documentação Pedagógica. Gonnet viria a ser nomeado director do CLEMI, quando esta nova instituição foi criada por um despacho de 21 de Abril de 1983.

[Uma apresentação sucinta do CLEMI em português pode ser encontrada AQUI]

terça-feira, abril 16, 2013

Viver na rede sem se deixar enredar


A comunicação e a informação no nosso dia-a-dia são cada vez mais mediadas por tecnologias digitais. A quantidade, a intensidade e a velocidade dos dados, sinais e mensagens tornam difícil a cada um situar-se e orientar-se no caudal de estímulos e possibilidades, podendo até provocar desorientação e incomunicabilidade. Por isso há aprendizagens, umas simples e outras mais demoradas e complexas, que nos são exigidas, para habitar a nova “ecologia dos media”.
Esta perspectiva ecológica foi proposta vai para meio século, por Neil Postman, o qual, por sua vez, se inspirou em Marshall McLuhan. Para eles, cada tecnologia – digamos, a televisão, a rádio, um videojogo -  configuram  e transportam consigo uma cultura  que molda as representações e visões do mundo e influi nas atitudes e comportamentos. Não o faz de uma forma mecânica e imediatista, mas através do uso reiterado. Expressões como “um meio é uma tecnologia no seio da qual se desenvolve uma cultura” (Postman) ou, de uma forma ainda mais sintética e quase provocatória, “o meio é a mensagem” (McLuhan) dizem bastante deste modo de entendimento da relação entre os media e a sociedade.
A Internet é, neste quadro, considerada pelo senso comum, o filho mais novo dessa série impressionante de meios de informar e comunicar que a contemporaneidade tem conhecido.  Mas não apenas mais um, dado que, neste caso, como, em menor escala, já tinha acontecido com a TV e a rádio, nós encontramos um meio ambiente mais alargado, pautado por lógicas informativas e comunicacionais diversas, incorporando formas antigas, criando e combinando novas e abrindo campo a novas práticas e a novas relações. Basta considerar o que representa de ruptura, inovação e desafio a lectoescritura hipertextual e os aspetos  didáticos, culturais , éticos e políticos a ela associados.
Claro que quem não aprende a viver, a relacionar-se e a respirar saudavelmente neste novo ambiente corre riscos de exclusão. Mas também é verdade que esta ecologia, por muito central que seja, supõe abertura e conjugação com os ambientes mais amplos das relações face a face, do tempo que nos damos para estar connosco (desconectados das tecnologias), do tempo para criar e repensar projectos e compromissos.
Nas novas redes, como nas velhas, tanto nos enredamos, como buscamos novas energias e solidariedades. 
(texto publicado no diário digital Página 1, da Renascença, em 15.4.2013)

sexta-feira, março 29, 2013

“Um Tablet por Aluno e Mochilas mais Leves!”. O Mote da Digitalização da Escola Italiana.


A notícia:
As escolas italianas adoptarão livros digitais a partir do ano escolar 2014/2015. Trata-se de um processo gradual, por enquanto relativo ao corpo docente, mais tarde aos alunos, com adopção de tablets. Trata-se por alguns de um revolução, em termos de ensino e de investimento editorial, por outros de “só mais um passo rumo à realização dos objetivos da Agenda Digital”.

Fontes: http://www.ilsole24ore.com/art/notizie/2013-03-26/addio-libri-cartacei-anno-152222.shtml?uuid=AbPyxlhH
http://www.repubblica.it/scuola/2013/03/26/news/libri_digitali_profumo_convince_gli_editori_e_calano_i_tetti_di_spesa_risparmi_per_100_euro-55400933/

 
A favor:
“Graças a estas medidas os estudantes terão a possibilidade de utilizar também na escola, e para objetivos didácticos, instrumentos que já utilizam difusamente em casa, melhorando o nível de competências digitais da inteira população. Sem esquecer os benefícios que poderão derivar das mochilas sem o peso excessivo dos livros no formato em papel”.

Conclusão da press-release, disponível integralmente em:
http://hubmiur.pubblica.istruzione.it/web/ministero/cs260313.


As críticas:
Nos últimos dias levantou-se uma viva polémica entre a associação Italiana dos editores (Aie), primeiro interlocutor do governo nesta matéria, e o Ministro da Educação, Francesco Profumo. Os editores argumentaram contra o decreto questionando o ministro: será que as escolas, sem as dotações tecnológicas necessárias (wi-fi, computadores, banda larga, fibra..) conseguirão segurar a mudança? Porque é que o corpo docente não foi preparado para uma mudança tão radical? Quantos professores conseguem trabalhar com desenvoltura com devices tecnológicos? Os alunos poderão substituir as mochilas com os próprios iPads, iPhones e Kindles, e os que não os tiverem? Será a escola a fornecer os tablets? Com que dinheiro?

Fontes: http://www.ilgiornale.it/news/interni/editori-contro-profumo-nessun-accordo-i-libri-digitali-900489.html
http://www.flcgil.it/rassegna-stampa/nazionale/libri-digitali-aspra-polemica-editori-profumo.flc


Deixo na mesa um assunto sobre o qual refletir e conversar e convido-vos a conversar em torno da ideia que fundamenta o decreto, a ideia de que substituir as mochilas por tablets/portáteis possa "melhorar o nível de competências digitais da inteira população".




                                                                         Fonte imagem:http://thejournal.com/


 

 

segunda-feira, março 04, 2013

“Sete Dias com os Media”: desafio a todos nós

De 3 a 9 de Maio próximo, está em preparação uma iniciativa de âmbito nacional que incentiva os portugueses, de todas as idades e condições, a considerar o lugar que os meios de comunicação ocupam nas suas vidas e a tomar iniciativas sobre o assunto. Esta operação, que envolve também profissionais e instituições mediáticas, designa-se “7 Dias com os Media” e é, sobretudo, um desafio à criatividade, à iniciativa (ver mais informação AQUI).
Uma família, uma turma, um grupo informal, uma biblioteca, uma associação ou mesmo uma pessoa individualmente podem participar nesta mobilização colectiva que começou por ser apenas um dia, em 2012, e que agora se alarga a uma semana, para dar mais flexibilidade às iniciativas que cada qual entender desenvolver com total liberdade.
Que se pode fazer? Uma infinidade de coisas e mais aquelas que se inventarem. Os mais pequenos poderão expressar-se sobre os media através do desenho, da fotografia, do vídeo, da colagem, do texto. Em casa, os membros de uma família poderão repensar o modo como gerem os seus consumos de media e inovar naquilo que acharem necessário. Na escola, poder-se-á convidar jornalistas, publicitários e outros a reflectir sobre os bastidores das notícias, ou os critérios da sua selecção. As acções podem assumir a forma da crítica ou da proposta face ao que existe, mas também a interrogação daquilo que se faz com os media, o tempo que se lhes dedica, o que se ganha e o que se perde.
No fim de semana que passou, por exemplo, um conjunto de organizações dos Estados Unidos da América promoveu uma iniciativa que se intitulava “24 horas desligado” (ver aqui). Desde o nascer ao pôr do sol, os envolvidos optavam por deixar de lado o telemóvel, a Internet ou a consola de jogos para experimentar outra coisa que a rotina quotidiana ou a excessiva dependência não permitia fazer. Outros promovem o Dia sem Facebook ou sem Televisão. Tudo isto pode fazer parte dos “7 Dias com os Media”, sendo que, aqui, a ideia não é apenas “cortar com” mas também “pensar e agir com e sobre os media”.
Todos sabemos que os media – os meios digitais e os analógicos – já são quase como o ar que respiramos. Por isso mesmo, vale a pena cuidar da qualidade do ar e da saúde da respiração.

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Cinema nas escolas só em 2013-2014

A notícia vem hoje no jornal digital Página 1:


terça-feira, fevereiro 05, 2013

Internet: prevenir os riscos, mas visar mais longe

“Da mesma maneira que a leitura, a escrita e a aritmética foram cruciais para a formação de pessoas como cidadãos e profissionais, a alfabetização digital será vital no século XXI. Sem ela, as pessoas não podem participar plenamente como cidadãos, não têm acesso às mesmas oportunidades profissionais e de aprendizagem e não ajudam a criar as próximas inovações criativas e tecnológicas do mundo”.
A afirmação é de Mark Surman, diretor-executivo da Mozilla Foundation, que detém o navegador da web Firefox, e foi publicada na semana finda, no jornal brasileiro Folha de S. Paulo. Segundo ele, as novas gerações têm aprendido a consumir tecnologia e aplicações, mas não a criar conteúdos e a programar. “É como se tivéssemos ensinado toda uma geração a ler, mas não a escrever”, acrescenta o especialista.
O que diz Surman é importante, ainda que, compreensivelmente, muito centrado nas tecnologias e a literacia digital deve ser bem mais ambiciosa do que o acesso e uso proficiente das máquinas e das aplicações. Há desafios mais amplos e todos sabemos que nem tudo são rosas. Há muitas pessoas que descobrem o poder de algumas ferramentas da web e por elas se deixam seduzir, que não têm a noção de como certa informação que disponibilizam se pode virar contra elas. Há riscos para os quais é necessário estar alertado e prevenido e isso supõe sensibilidade e formação (que muitos pais e educadores não têm). Importa conhecer e divulgar os riscos a que estamos sujeitos e aprender a defender-nos. Mas isso não basta.
Aprendemos a conduzir não para conhecer os perigos da estrada, mas para levar o carro em segurança de um ponto de origem para o destino que nos convém. É preciso conhecer o carro, as regras de trânsito, as condições da estrada. Mas, antes de tudo, é preciso saber por onde e para onde queremos ir e gerir o tempo para lá chegar. Na Internet não é substancialmente diferente. E, apesar de não parecer, ninguém nasce ensinado. E a formação que se impõe deve ter tanto a vertente tecnológica, como cultural e de cidadania.
Nas vésperas de mais um Dia da Internet Segura, importa não perder de vista esta perspectiva mais vasta. E sobretudo não ficar pelas palavras. A inacção de hoje pagar-se-á caro no futuro.
[Texto publicado no jornal diário digital Página 1, em 4.1.2013]

segunda-feira, fevereiro 04, 2013

O perigo do excesso de ecrãs

Por Eduardo Jorge Madureira

O que faz uma mãe quando o filho lhe apresenta, informalmente, uma espécie de testamento vital é o tema de um breve relato, que circula, em diversas línguas, através da Internet, sem atribuição de autor. A história é protagonizada por dois amigos. Um deles relata o que se tinha passado no dia anterior:
– Ontem à noite, depois do jantar, antes de sair, eu a minha mãe estávamos sentados no sofá a conversar sobre coisas da vida. Eu sei que sou um rapaz novo, mas, a propósito de uma reportagem que estávamos a ver na televisão, quis também falar sobre a morte. Então, disse à minha mãe: “Mãe, nunca me deixes viver num estado vegetativo, dependendo de máquinas, vivendo uma vida artificial. Se me vires nesse estado, e por muito que te custe, pede para desligar ou desliga tu as máquinas que me mantêm vivo”.
O outro decide interromper para fazer a pergunta óbvia:
– E a tua mãe?
A resposta não deixou de surpreender:
– Levantou-se, decidida, e foi desligar a televisão, o DVD, o computador, o cabo da Internet, o MP4 e o telefone fixo. A seguir, tirou-me e desligou o iPhone5, o tablet e a PlaySta¬tion.

É difícil não recordar esta história ao ler um título que se encontrava na primeira página do Jornal de Notícias de segunda-feira, dizendo que “17% das nossas crianças não comem nem dormem para estarem na Internet”. A notícia dava conta dos mais recentes resultados apurados pelo projecto europeu EU Kids Online, que, segundo o jornal, indicam que “o uso prolongado da Internet já se reflectiu em 45% das crianças portuguesas com um dos seguintes sintomas: não dormir, não comer, falhar nos trabalhos de casa, deixar de socializar, tentar passar menos tempo online”. Na Europa, acrescentava a informação, “só a Estónia está à frente: 49%. A existência de dois sinais – ter deixado de comer ou dormir para estar ao computador – foi apontada por 17% dos inquiridos”.

Esta notícia surge na mesma altura em que cinquenta especialistas franceses em psicologia lançaram um apelo para que se tome consciência dos riscos associados ao abuso dos ecrãs e para que se estabeleçam regras de bom uso das novas tecnologias, um código de boa conduta da vida digital. “Nós, especialistas em psicologia, em comportamentos e relações humanas, apelamos, hoje, a que cada um seja prudente e vigilante face a utilização excessiva dos ecrãs”, refere o texto, publicado no número de Fevereiro da revista Psychologies.

Os subscritores, alguns dos quais autores de livros editados em Portugal, como é o caso de, por exemplo, Christophe André (Os segredos dos psis. Carnaxide: Objectiva, 2012) ou Isabelle Filliozat (No coração das emoções das crianças. Lisboa: Pergaminho, 2001), começam por recordar o óbvio, dizendo que “os computadores, smartphones e tablets representam um formidável progresso. Facilitam o acesso ao conhecimento e multiplicam as possibilidades de trocas, interacções e cooperações”. O problema, acrescentam, é que “deixando-os invadir o nosso quotidiano, sem nos interrogarmos sobre os seus inconvenientes, sem reparar na sua utilidade real, concedemos a estas tecnologias um poder preocupante sobre as nossas vidas”. É por isso que garantem que “uma tomada de consciência é necessária”.

O apelo enumera, seguidamente, um conjunto de razões que a impõem: “É que o uso excessivo dos ecrãs induz uma hiper-solicitação permanente, fonte de stress e de cansaço. Priva-nos de tempo de repouso, de reflexão e de presença no mundo, indispensáveis ao bem-estar e ao bem-pensar. Favorece práticas patológicas e compulsivas, designadamente por parte dos jovens e das pessoas frágeis. Modifica em profundidade os processos de atenção, de memorização e de aprendizagem. Prejudica, por vezes, a qualidade das nossas relações interpessoais”.

Os signatários terminam endereçando um apelo a todos – cidadãos, políticos e fabricantes – “para o estabelecimento conjunto de regras de bom uso das novas tecnologias, um código de boa conduta da vida digital”. Como muitos outros têm vindo a dizer, “o desafio é importante: está em questão a preservação do nosso equilíbrio psíquico e da nossa humanidade face aos utensílios digitais”.

As razões do apelo para que se evite o abuso dos ecrãs são aprofundadas noutros textos que a revista Psychologies publica. No destaque concedido a esta preocupação, que merecia ser mais amplamente partilhada, não faltam os bons conselhos. Um dos que pode, desde já, ser aproveitado é o que recomenda que se prefira um encontro a um telefonema, um telefonema a um e-mail, um e-mail a uma mensagem SMS.
(Texto da coluna 'Os Dias da Semana' que o autor publicou no Diário do Minho, em 3.1.2013)

sábado, janeiro 19, 2013

"Cinema – Arte, Tecnologia, Comunicação"
- conferência e festival em Avanca

Até 27 de Fevereiro próximo, os organizadores da Conferência Internacional sobre Cinema – Arte, Tecnologia, Comunicação, de Avanca, aceitam propostas de resumos de comunicações (ver formulário).
Esta iniciativa insere-se na 4ª edição da Avanca|Cinema, que se realiza de 24 a 28 de Julho deste ano, reunindo investigadores cujos trabalhos incidem sobre o cinema e as suas relações com a arte, a comunicação e a tecnologia.
A Avanca|Cinema é "um ponto de encontro único pela conjugação com o Festival de Cinema AVANCA e constitui um local privilegiado de divulgação, reflexão e debate da mais recente investigação em torno do cinema. Durante estes 5 dias de julho, por aqui se encontram investigadores, académicos, realizadores, produtores, atores, críticos, técnicos, cinéfilos, entre outros, chegados um pouco de todo o mundo", salienta-se num press release da organização.

Os temas das propostas de comunicação envolvem as áres/temáticas seguintes:
Cinema – Arte

Artes do espetáculo e memória;
Artes performativas;
Artes plásticas e cinematografia;
Crítica e teoria cinematográfica;
Escrita de argumento e criatividade;
Estética e semiótica;
História e cinefilia;
Literatura e cinema;
Música e som do cinema;

Cinema – Tecnologia

Arquitetura de espaços;
Legendagem, dobragem e audio-descrição;
Linguagens para minorias;
Novas tecnologias e cinema;
O espaço da internet;
Suportes, formatos e novos “media”;

Cinema – Comunicação

Cinema e pedagogia;
Comunicação social, espaço público e sociedade;
Economia e marketing;
Formação académica e profissional;
Internet social e espaço fílmico;
Política do audiovisual;

Cinema – Cinema

Cinema documental;
Ficção entre a imagem real e a animação;
Percursos, filmografias e géneros;
Produção cinematográfica e audiovisual.

Novas abordagens da regulação dos media e da literacia mediática

No artigo "Paradigms of Civic Communication" que acaba de ser publicado na revista International Journal of Communication (nº 7, 2013, pp.173–187), os seus autores, Jay G. Blumler e Stephen Coleman, propõem, a dado passo, a necessidade de definir novas prioridades para a investigação. Uma delas designam-na por "Novas abordagens da regulação dos media e da literacia mediática" e explicam-na desta forma:
"De todas as áreas da investigação em comunicação política que tiveram de ser reconsideradas e revistas nos últimos anos, as relativas à política regulatória e à literacia para os media(não raro dois lados da mesma moeda) foram as mais afetadas, obviamente. Como tem mostrado o Inquérito Leveson no Reino Unido, as tentativas de estabelecer princípios de conduta ou de marcos regulatórios a uma parte dos meios de comunicação contemporâneos podem falhar quando aplicadas a outros. Conceber um conjunto transversal de políticas de comunicação para o serviço público é incomparavelmente mais difícil na era dos media globais e multiplataforma do que ocorria na era da radiodifusão nacional, quando o espectro era escasso. Por mais difícil que tal pesquisa de política possa ser, os estudiosos dos media têm um papel importante a desempenhar no exame de como diferentes políticas são ou não operativas em diferentes contextos e no pensar criativamente sobre estruturas mais adequadas para servir o bem cívico (Lunt & Livingstone, 2012, oferecem ua modelo útil de uma tal abordagem). Por razões semelhantes, a velha ideia da literacia mediática relacionada principalmente com o consumo de mensagens, textos e imagens, ainda que continue a ser relevante para a maioria dos padrões de recepção de media, precisa de ser ampliada para atender as possibilidades de ação e as armadilhas enfrentadas por aqueles que produzem os seus próprios conteúdos de media, seja através dos media sociais ou em colaboração com os media profissionais".

terça-feira, janeiro 15, 2013

Decodificar as notícias sobre a guerra no Mali

Libération, 14 January 2013 – Presseurop
De repente montou-se uma guerra no Norte do Mali. Contra o terrorismo e pela democracia, notam os  dirigentes franceses e repetem as diplomacias ocidentais. E se esta guerra fosse também - alguns dirão: sobretudo - um biombo para acautelar os interesses do Ocidente em urânio, produto em que o pobre Mali é rico?
Ao ler notícias que nem sempre os grandes media publicam e, menos ainda, aprofundam, sobre o eclodir deste conflito na África do Norte, damo-nos conta de que o caso é bem mais complexo do que o pintam e que vale a pena acompanhar com atenção este dossiê.
Uma das teorias que os manuais de estudos jornalísticos nos apresentam e que nos podem ajudar a ler criticamente as notícias, nomeadamente as das guerras, é a teoria do enquadramento ('framing' em inglês, um conceito sugerido por Todd Gitlin). Propõe que inerente à representação e apresentação da realidade social operada pelos media está un enfoque, uma perspectiva que concentra as atenções em determinados tópicos ou ângulos, de fácil adesão, deixando na sombra outros que seriam igualmente (ou talvez mais) relevantes.
Esta teoria é, de certo modo, envolve uma forma de seleção e de silenciamento, mas é mais do que isso. É um enviesamento na produção discursiva (fabricado, neste caso, pelas fontes - Estados, organizações internacionais, etc) e - numa etapa fundamental para a eficácia e efetividade desse enfoque - tematizado, desenvolvido e amplificado pelos grandes media.
O terrorismo, pela sua própria natureza, possui uma enorme força mediática. Mas desde os ataques às torres gémeas e ao Pentágono, em 2001, adquiriu um 'valor-notícia' ainda maior. Neste contexto, enquadrar os motivos dos bombardeamentos das forças francesas no Mali no combate ao terrorismo e, mais especificamente, à Al-Qaeda é motivo mais do que suficiente para que as opiniões públicas pelo menos não reajam negativamente.
Não deixa de ser sintomático que, num momento em que a França atravessa dificuldades e em que vários países ocidentais, a começar pelos Estados Unidos, estejam a abandonar o Afeganistão, os mesmos países se disponham a lançar uma intervenção em larga escala na África ocidental, e com o aviso de que vai se uma operação demorada. Que sentido de solidariedade ou de espírito democrático é que desencadearia uma ação deste tipo?
Há certamente laços históricos que ligam a França ao Mali e outros países da região. Há certamente organizações terroristas e fundamentalistas que há mais de um ano progridem na zona e que transpuseram recentemente o rio Níger, a caminho de Bamako. Mas alguma força ou interesse poderoso levaria os militares para um palco daqueles, para além do terrorismo.
Se se tiver em conta que os países do Sael são grandes produtores de ouro, urânio, cobre, fosfato e ferro, além de petróleo e gás natural; se se disser que o vizinho Níger, sendo o terceiro maior produtor de petróleo, fornece 3% do urânio para as centrais nucleares francesas e que conta abrir em 2015 uma nova mina a céu aberto, explorada por franceses, o quadro complexifica-se bastante. "Certos observadores - escreve hoje o jornal católico La Vie - sublinham o interesse que poderiam ter estes Estados [como a França e a China, nomeadamente] em exagerar a ameaça terrorista para justificar uma presença militar, como aconteceu com o Iraque com a invenção das armas de destruição maciça, por parte da administração Bush".
É claro que o controlo do urânio por organizações terroristas representa uma pesada ameaça para as nações, mas é necessário que o jornalismo nos forneça os vários aspectos do caso, e não alinhem de modo mais ou menos seguidista no 'framing' que os Estados pretendem ver adotado e amplificado.

Para ler e aprofundar o assunto:
Complemento em 25.1.2013:

Sob o título: "Guerre d'infos  

Le difficile travail des journalistes au Mali"

o jornal Le Monde  pergunta hoje:
"Comment parler de la guerre au Mali quand la moindre (et rare) information est invérifiable ? Que montrer d'un conflit où photographes et équipes de télévision n'ont pas accès au front et où les seules images disponibles sont occasionnellement délivrées par l'armée ? "
(...)
"Dans un article publié le 24 janvier, Télérama tente d'apporter plusieurs réponses aux questions que pose la couverture médiatique de la guerre au Mali.
Pourquoi n'y a-t-il pas d'images ? Tous les médias l'ont constaté depuis le début de l'intervention, le 10 janvier : la "Grande Muette" qu'est l'armée française porte toujours aussi bien son nom en période de conflit. Les informations sont distillées au compte-gouttes. "L’armée française a dépêché des officiers de presse sur place, mais ils sont injoignables, peste Sylvain Lequesne, grand reporter à France 3, interrogé par Télérama. Ils nous disent que ne pas communiquer c’est déjà communiquer !" "Les autorités françaises ont peur que nos informations servent à l'ennemi, explique Pierre Grange, grand reporter sur TF1. On nous refile donc très peu de tuyaux."