terça-feira, fevereiro 05, 2013

Internet: prevenir os riscos, mas visar mais longe

“Da mesma maneira que a leitura, a escrita e a aritmética foram cruciais para a formação de pessoas como cidadãos e profissionais, a alfabetização digital será vital no século XXI. Sem ela, as pessoas não podem participar plenamente como cidadãos, não têm acesso às mesmas oportunidades profissionais e de aprendizagem e não ajudam a criar as próximas inovações criativas e tecnológicas do mundo”.
A afirmação é de Mark Surman, diretor-executivo da Mozilla Foundation, que detém o navegador da web Firefox, e foi publicada na semana finda, no jornal brasileiro Folha de S. Paulo. Segundo ele, as novas gerações têm aprendido a consumir tecnologia e aplicações, mas não a criar conteúdos e a programar. “É como se tivéssemos ensinado toda uma geração a ler, mas não a escrever”, acrescenta o especialista.
O que diz Surman é importante, ainda que, compreensivelmente, muito centrado nas tecnologias e a literacia digital deve ser bem mais ambiciosa do que o acesso e uso proficiente das máquinas e das aplicações. Há desafios mais amplos e todos sabemos que nem tudo são rosas. Há muitas pessoas que descobrem o poder de algumas ferramentas da web e por elas se deixam seduzir, que não têm a noção de como certa informação que disponibilizam se pode virar contra elas. Há riscos para os quais é necessário estar alertado e prevenido e isso supõe sensibilidade e formação (que muitos pais e educadores não têm). Importa conhecer e divulgar os riscos a que estamos sujeitos e aprender a defender-nos. Mas isso não basta.
Aprendemos a conduzir não para conhecer os perigos da estrada, mas para levar o carro em segurança de um ponto de origem para o destino que nos convém. É preciso conhecer o carro, as regras de trânsito, as condições da estrada. Mas, antes de tudo, é preciso saber por onde e para onde queremos ir e gerir o tempo para lá chegar. Na Internet não é substancialmente diferente. E, apesar de não parecer, ninguém nasce ensinado. E a formação que se impõe deve ter tanto a vertente tecnológica, como cultural e de cidadania.
Nas vésperas de mais um Dia da Internet Segura, importa não perder de vista esta perspectiva mais vasta. E sobretudo não ficar pelas palavras. A inacção de hoje pagar-se-á caro no futuro.
[Texto publicado no jornal diário digital Página 1, em 4.1.2013]

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